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A equipe do cirurgião-cardíaco José Wanderley Neto realizou na madrugada desta quinta-feira, no centro cirúrgico da Santa Casa de Maceió, mais um transplante de coração, o segundo em menos de vinte dias.
A particularidade da intervenção foi justamente a ausência de Wanderley, que estava em Brasília e não conseguiu voltar a tempo. “É a primeira vez em quase vinte anos que não participo diretamente de um transplante cardíaco em Alagoas”, disse o renomado cardiologista.
Ele parabenizou os cerca de 50 profissionais que trabalharam durante toda madrugada para o êxito da intervenção cirúrgica além dos médicos Alfredo Aurélio, Emerson Gama, Mônica Farias e Rogério Correia.
José Wanderley tinha viajado a Brasília para uma reunião com o ministro José Gomes Temporão, da Saúde. Seu vôo de retorno a Maceió estava marcado para a noite de ontem, a tempo de comandar o transplante cardíaco, mas a companhia aérea alegou problemas e transferiu o vôo para a manhã do dia seguinte.
Ele considerou o transplante histórico. "A maior felicidade de um mestre é ver que seus discípulos assimilaram os ensinamentos e estão aptos a seqüenciar a obra. Estou muito orgulhoso deles, inclusive porque foram todos formados por nós aqui no Estado. Isso demonstra a vitalidade da cirurgia cardíaca em Alagoas", disse.
A receptora foi Adriana Pereira de Oliveira, 32, que sofria de miocardiopatia dilatada, a mesma patologia do comerciário aposentado João Batista Brito, que recebeu um novo coração dia 27 de outubro.
O transplante precisou ser feito imediatamente após a autorização de doação em virtude do quadro de instabilidade da doadora, que implicava riscos de perda do órgão. Esse risco seria muito elevado se a equipe esperasse o retorno de José Wanderley, daí a decisão de, mesmo sem sua presença, realizar o transplante.
O coração transplantado para Adriana Pereira de Oliveira foi doado por uma estudante universitária de 23 anos, que residia no bairro de Jatiúca, em Maceió. Ela morreu em conseqüência de um aneurisma cerebral e a família autorizou a doação de seus órgãos.
Adriana é casada e reside em Coruripe, onde trabalhava como ajudante de cozinha. Em virtude de sua patologia, estava impossibilitada de exercer a profissão e aguardava por uma doação do órgão em Maceió, hospedada na casa de uma pessoa de sua família.
Além do coração, a família autorizou também a doação dos rins e córneas. Esses órgãos estão em fase de triagem para identificação dos candidatos compatíveis e deverão ser transplantados entre hoje e amanhã.