Notícias

Neonatologista Délia Herrmann

A Santa Casa de Misericórdia de Maceió, com o apoio da Sociedade Alagoana de Pediatria, realiza hoje (18), às 19 horas, no Hospital Nossa Senhora da Guia, um treinamento teórico-prático com 20 pediatras para que o Teste do Reflexo Vermelho passe a fazer parte da rotina de exames físicos dos recém-nascidos. O treinamento será ministrado pelo oftalmologista Villene de Araujo Filho.
O exame do reflexo vermelho ou teste do reflexo de Bruckner (exame do olhinho) é usado como triagem para detectar anormalidades do fundo do olho e opacidades no eixo visual, como catarata e opacidades da córnea. É um exame simples, rápido e indolor, que deve ser realizado inicialmente pelo pediatra nos primeiros dias de vida do bebê ou de preferência antes da alta da maternidade.
O único equipamento necessário para o teste do olhinho é um oftalmoscópio direto. A sala deve ser escurecida. O oftalmoscópio deve ser posicionado a uma distância de aproximadamente 30 cm de cada olho do bebê, e o reflexo vermelho deve ser visto facilmente homogêneo e simétrico em ambos os olhos. “Quando identificado em ambos os olhos o resultado é normal”, detalha a neonatologista Délia Herrmann.
“O reflexo ocular deve ser visível e simétrico quanto à coloração e à intensidade em ambos os olhos. Nas crianças com pouca pigmentação ocular (raça branca) o reflexo tem uma coloração vermelho-alarajada. Já nas crianças com uma pigmentação ocular mais intensa, como na raça negra, o reflexo tem a coloração mais escura (vermelho-amarronzada)”, acrescentou a especialista da Santa Casa de Maceió.
O teste do reflexo vermelho deve ser repetido nas consultas de rotina da criança até o completo desenvolvimento da visão, isto é, até os 10 anos de idade.
NÚMEROS
A Sociedade Brasileira de Oftalmologia pediátrica estima que de cada cem crianças nascidas, uma tem catarata. Estima-se que existem 400 mil crianças cegas no mundo. No Brasil, estima-se que existam 25 mil a 30 mil crianças cegas, algo entre 150 e 180 crianças cegas para cada milhão de habitantes e 600 a 720 crianças com visão subnormal para cada milhão de habitantes
Conforme explica Delia Herrmann, as alterações no reflexo vermelho, como assimetria de intensidade e coloração, presença de ponto esbranquiçado ou ausência do reflexo, podem indicar um processo patológico do cristalino, da retina ou do vítreo.
O teste do olhinho pode detectar precocemente doenças como catarata, glaucoma congênito e qualquer outra patologia ocular que cause opacidade de meios, como opacidades congênitas da córnea, tumores intra-oculares grandes, inflamações intra-oculares importantes ou hemorragias intra-vítreas.
A catarata congênita ocorre em 0,4% dos nascidos vivos, e é uma importante causa de cegueira infantil, onde nos países em desenvolvimento, devido a alta incidência de infecções congênitas, como a rubéola.
Já o glaucoma congênito ocorre em aproximadamente 1 para cada 10 mil nascidos vivos. Quanto aos tumores malignos intra-oculares, o retinoblastoma é o mais freqüente na infância. No Brasil, 60% dos retinoblastomas são diagnosticados tardiamente, quando já não é possível salvar o olho e algumas vezes nem a vida da criança.
“Apresentando qualquer anormalidade do reflexo vermelho, a criança deve ser encaminhada prontamente para uma avaliação oftalmológica, que irá incluir uma avaliação de fundo do olho utilizando o oftalmoscópio indireto”, orienta Herrmann.
A Sociedade Brasileira de Pediatria participa da “Campanha do Teste do Olhinho”, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.