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Um trabalho invisível

Mário Jucá, gerente de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Maceió

Mário Jucá, gerente de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Maceió

A Gazeta de Alagoas publicou na edição de 1º de novembro um artigo assinado pelo gerente de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Maceió, o médico Mário Jucá. O texto fala sobre a situação crítica em que vivem os médicos na atualidade. Leia o artigo na íntegra.

*Nunca foi tão desvalorizada a classe médica, como está sendo agora. A população vítima do descaso com a saúde, reflete sua ira nos médicos. Mais injustiças são cometidas. Isso demonstra o equívoco que o Sistema Único de Saúde (SUS) fomenta.
Não adianta aqui falar em valores pagos, que são aviltantes, porque a população já se demonstrou insensível, ela quer atendimento, paga seus impostos e pronto. Falar também que a profissão atravessa uma crise, com sinais inequívocos de cronicidade, também não interessa, mas pediatra, obstetra e clínico, ninguém quer ser mais. A medicina ainda saiu sacerdócio, para o tráfico.
Os médicos são drogadictos, manipulados pelas empresas de prestação de serviços médicos, que varia do SUS a outras tantas encontradas nas esquinas, prometendo vida, como fossem instituições divinas. Fazem propagandas enganosas e muitas vezes prestam serviços inferiores, aos postos de saúde do SUS.
Sem falar nos exames que essas empresas executam, os resultados vêm chifres em cabeça de cavalo. Mas a população desinformada e trapaceada, iludida leva os resultados e não sabem porque, o médico diz esse exame não serve para nada.
O médico é um profissional que não tem mais tempo para estudar, vive dando inúmeros plantões para fazer um salário digno, e nos espaços livres aproveita para dormir, porque no outro dia plantão novamente. Aqueles que ainda conseguem trabalhar no HGE e no PAM Salgadinho percebem que estão ajudando aos responsáveis por essa bagunça, a manter o sistema vergonhoso, não podendo fazer muita coisa, senão lá vem ameaças de retaliações.
A Santa Casa de Maceió tomada por uma ousadia imensa criou um ambulatório, que chamou de Unidade Docente Assistencial Professor Rodrigo Ramalho e uma maternidade Hospital Nossa Senhora da Guia, ambos 100% SUS. Sabe qual é o reconhecimento que se ouve? Ah! não paga impostos. Acreditem! Com o tratamento que a Santa Casa recebe do sistema, já era para estar fechada.
Para terminar, a população não sabe que os aviões (Convênios) pagam consultas que variam de 25 a 33 reais, dando direito a retorno e um monte de exigências, que o médico tem que se submeter, caso contrário os convênios inflamam os usuários contra o médico. A classe médica tem muita força mas não sabe utilizar. É imperiosa uma política de resgate, com melhora do ensino nas faculdades, que oferecem médicos a preço de tostão, como também uma política de piso mínimo.

(*) É professor de Medicina da Ufal.

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