Artigo: “160 anos da Santa Casa de Maceió*
| MARCOS DAVI MELO **
Em finais de 1975 cheguei à Santa Casa de Misericórdia de Maceió. O provedor de então era o dr. Sizenando Nabuco, ex-governador do Estado.O diretor médico, o dr. João Fireman. A instituição ainda servia de sede para a Faculdade de Medicina da Ufal e a grande maioria dos seus leitos eram destinados aos indigentes e ao Funrural. Poucos eram os destinados aos convênios existentes da época.
Parte da assistência em enfermagem era feita por freiras, sob a liderança da irmã Inocência, hoje, homenageada com uma enfermaria na Instituição. Poucas eram as enfermeiras realmente portadoras de diploma superior. Onde atualmente existe a emergência 24 horas, funcionava o único Pronto-socorro do Estado, que depois transferiu-se para o Trapiche, onde ainda está.Os recursos financeiros eram mínimos e vivia-se a cata de doações.
Por outro lado, a medicina era muito mais simples e barata do que a que se faz hoje, 36 anos depois: não existiam as UTIS; a radiologia era composta somente por equipamentos básicos (não existiam na instituição a tomografia computadorizada,a ressonância nuclear magnética); a medicina nuclear era bastante rústica; a nefrologia ainda se instalava; a oncologia, resumia-se a alguns cirurgiões especializados; a radioterapia tinha somente uma bomba de cobalto e o elemento radioativo radium 226 para inserir dentro dos úteros das mulheres com câncer. Poucos anos depois,o ousado dr. João Fireman instalou o serviço de cirurgia cardíaca; a UTIs geral e coronariana; consolidou a nefrologia e a medicina nuclear; adquiriu um avançado acelerador linear para tratar câncer, entre outros avanços relevantes; e a maior clientela ainda eram os indigentes. Neste período, assumiu a diretoria administrativa Paulo de Lyra, que lá começara como office-boy.
Com o falecimento de Sizenando Nabuco, assumiu a provedoria Tarcísio de Jesus.Substitui-o em mandato de mais de 10 anos, Lourival Nunes da Costa, depois sucedido por Humberto Gomes de Melo, exercendo a provedoria há 8 anos,que implantou uma gestão adequada aos exigentes tempos atuais.
Pode-se registrar que a Santa Casa de Maceió, hoje é um dos hospitais mais avançados do nordeste. Tem várias áreas de excelência, onde não fica a dever aos maiores hospitais do País. Estendeu sua clientela aos convênios privados, uma exigência do mercado, sem restringir, no que pode, o atendimento ao SUS. Com todas as dificuldades, ainda é o hospital que mais atende ao SUS em Alagoas e se juntar a quantidade, a qualidade, isto é extremamente relevante. A instituição completa 160 anos e honra Alagoas.
(*) Artigo foi publicado na edição de 1º de outubro da Gazeta de Alagoas
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