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Ultrassonografia gestacional revolucionou a Medicina

Obstetra Marcos Cintra fala sobre a importância da ultrassonografia na medicina neonatal

Obstetra Marcos Cintra fala sobre a importância da ultrassonografia na medicina neonatal

Marcos Cintra (*)

O exame de ultrassonografia consiste na emissão e captação de ondas sonoras, que são processadas, produzindo imagens, permitindo dessa forma, estudar o órgão ou região em questão. Apesar do método não ser fonte geradora de radiação ionizante, alguns estudos despertaram dúvidas quanto à segurança do exame em humanos, em função de efeitos biológicos ocasionados pelo aquecimento e cavitação dos tecidos, entretanto, uma declaração do American Institute of Ultrasound in Medicine, reforça a segurança do seu uso racional na prática clínica diária.
Utilizada pela primeira vez em Ginecologia e Obstetrícia, por Ian Donald, na Escócia em 1958, a Ultrassonografia revolucionou o atendimento de gestantes, pois descortinou o feto, que até então era avaliado de forma indireta. Tão notáveis foram esses avanços, que o feto passou a ser considerado um paciente, com direito a diagnósticos rebuscados, possibilidade de coleta de material biológico para exames (sangue, urina, coleções líquidas, fragmentos de tecidos, líquido amniótico, etc.) e tratamento ainda dentro do útero. A despeito da metodologia, quando realizada por profissional experiente, permitir o diagnóstico da grande maioria das malformações fetais, algumas alterações ainda podem passar despercebidas, principalmente pequenos defeitos e alterações da função (determinadas posições que o feto assume e a obesidade materna, também podem prejudicar a capacidade de diagnóstico).
Cerca de 3% dos fetos apresentam algum tipo de anomalia, seja de origem gênica, cromossômica ou multifatorial (radiações, uso de medicamentos, poluição, etc.). Durante o acompanhamento pré-natal, a realização da Ul-trassonografia Morfológica do 1º Trimestre, além de flagrar a maioria das alterações estruturais do feto, o estudo da Translucência Nucal, Ducto Venoso Fetal e Osso Nasal permitem identificar grupos de risco para problemas cromossômicos (síndrome de Down como exemplo). É importante destacar que a ultrassonografia não é capaz de diagnosticar síndrome de Down, e sim identificar sinais que podem estar associadas ao problema, direcionando essas pacientes para o diagnóstico definitivo, através de exames invasivos, tais como: amniocentese (retirada de líquido amniótico), biópsia de vilo corial (retirada de fragmento da placenta) ou cordocentese (coleta de sangue fetal através de punção do cordão umbilical).
O número de ultrassonografias necessárias para o acompanhamento da gestação deve ser particularizado, conforme orientação do seu médico, porém em linhas gerais, recomenda-se uma média de 4 exames durante o período gestacional, destacando-se o Morfológico do 1º trimestre (entre 11 e 14 semanas) e o Morfológico do 2º trimestre (por volta de 22/24 semanas).

(*) Marcos Cintra (CRM 3456/RQE 830) é obstetra da Santa Casa de Maceió

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