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Dieta rica em gordura e carboidratos eleva risco de pedras na vesícula

Cirurgião Robério Melo

Cirurgião Robério Melo

Uma forte dor no estômago surge de repente. Quando se torna mais aguda, é sentida também na região das últimas costelas à direita. O desconforto diminui e aumenta de intensidade, como uma cólica, e acaba irradiando-se pelo abdome superior e pelas costas. Em seguida, dependendo da gravidade do caso, o paciente pode sentir até enjôos e vômitos.
Esse cenário de dor e desconforto pode ser indicativo de várias doenças que possuem sintomas semelhantes, daí a necessidade de buscar auxílio de um médico clínico tão logo surjam os primeiros sintomas. Na lista de patologias estão desde o cálculo renal (que provoca dores terríveis, segundo relato de médicos e pacientes) até mesmo os prosaicos gases, que incomodam quem convive com o problema.
As dores relatadas no início da matéria podem ser provocadas também pelos chamados cálculos biliares ou, como prefere a população, por “pedras” na vesícula. A função da vesícula biliar é armazenar a bile produzida pelo fígado e lançá-la quando a comida contendo gordura entra no trato digestivo. Já o cálculo biliar é formado por cristais agrupados na vesícula, que podem ser pequenos como um grão de areia ou grandes como uma bola de gude.
A literatura médica constata que entre 10% e 20% das pessoas com idade entre 35 e 65 anos têm cálculos na vesícula. “A doença afeta mais as mulheres em idade fértil. Algumas das possíveis causas são o descontrole hormonal, a obesidade, o efeito sanfona (processo constante de ganho e perda de peso), a idade e a presença de diabetes", explica o cirurgião Robério Melo, coordenador de Cirurgia da Urgência 24 horas . “Ainda assim, qualquer pessoa sem este perfil pode vir a ter o problema”, acrescentou.
A bile produzida no fígado é uma mistura de várias substâncias, entre elas o colesterol, que é responsável por cerca de 75% dos casos de formação de cálculos. Por isso, o excesso de gordura na alimentação pode afetar à vesícula.
Os cálculos (cristais) que se formam na vesícula biliar podem não causar sintomas num primeiro momento mas, quando ficam presos no duto biliar e bloqueiam o fluxo da bile para o intestino, as dores são inevitáveis. Essa obstrução provoca a cólica biliar, que se caracteriza por dor intensa no lado direito superior do abdome, nas costas e até mesmo na região entre as omoplatas.
“A crise de cólica persiste enquanto a pedra permanecer no duto. No entanto, é comum voltarem à vesícula ou serem empurradas para o intestino. Quando isso ocorre, a crise dolorosa diminui”, esclarece Robério Melo. “A dor normalmente aparece meia hora após uma refeição, atinge um pico de intensidade e depois diminui, podendo ou não haver febre, náuseas e vômitos”, alerta.
Muitos fatores podem alterar a composição da bile e acionar o gatilho de formação dos cálculos na vesícula. Alguns desses fatores são dieta rica em gorduras e carboidratos e pobre em fibras; vida sedentária, que eleva o LDL (mau colesterol) e diminui o HDL (bom colesterol); diabetes; obesidade; hipertensão (pressão alta); tabagismo (fumo); uso prolongado de anticoncepcionais; predisposição genética; e elevação do nível de estrogênio, o que explica a incidência maior de cálculos biliares em mulheres. “É importante discutir com o médico a conveniência de tomar pílulas anticoncepcionais ou fazer reposição hormonal”, orienta Robério Melo. O tratamento adequado é a cirurgia por videolaparoscopia, que requer um dia de internação hospitalar. Outras opções são o uso de ondas de choque e medicamentos, porém sem resultados promissores.

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