Dor nas pernas pode sinalizar obstrução das artérias
Você sente dor nas pernas quando caminha? Se a resposta for sim então você pode estar sendo alvo da chamada claudicação intermitente. Pouco conhecida da população, a patologia se caracteriza por uma dor nas pernas ao se caminhar, mesmo que o deslocamento seja por poucos metros.
"A dor é o sinal visível da claudicação intermitente, que ocorre devido à redução de fluxo de sangue e oxigênio nos membros inferiores. O transtorno é uma manifestação das doenças que levam ao estreitamento das artérias e atinge cerca de 5% da população brasileira, em especial os indivíduos na faixa etária dos 55 a 60 anos", explicou o cirurgião vascular e endovascular Ronaldo Nardão, que atua no Serviço de Hemodinâmica da Santa Casa de Maceió, especializado em pacientes com este tipo de problema.
Indicativa de doenças vasculares, a claudicação intermitente pode ser confundida com uma simples lesão muscular, daí a preocupação dos especialistas, já que em casos mais graves o problema pode levar à amputação das pernas. Ronaldo Nardão explica que o incômodo não se restringe às pernas, mas pode afetar também as nádegas, quadril, coxas, panturrilhas e os pés.
"A claudicação intermitente é a manifestação clínica mais comum da doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), na maioria das vezes ocasionada pelo acúmulo de placas de gorduras no interior dos vasos sanguíneos", explica o especialista.
"As artérias dos membros inferiores podem sinalizar a obstrução de vasos em outras partes do corpo, como o coração e o cérebro, que podem levar a problemas como infarto do miocárdio ou o acidente vascular cerebral, mais popularmente conhecido como derrame. Por isso, a dor não deve jamais ser menosprezada", avisa Nardão.
A claudicação intermitente surge durante a caminhada porque o músculo, que está pouco irrigado e sem oxigênio, é exigido pelo exercício. Nos casos mais leves, quando a marcha é interrompida ou o esforço é reduzido, a dor cessa. Nos casos mais graves, poucos metros são suficientes para a dor surgir.
"No estágio mais avançado do problema vascular, mesmo em repouso o paciente sente o incômodo. A qualidade de vida é muito comprometida, pois a pessoa se vê impossibilitada de andar", frisou o cirurgião.
Cerca de 75% dos pacientes estabilizam ou melhoram dos sintomas. Dos 25% com evolução grave, aproximadamente 5% progridem para alguma intervenção cirúrgica e 2% para amputação em cinco anos.
fatores de risco
O diagnóstico é feito com o auxílio de um equipamento de ultrassom com Doppler, que indica onde está a obstrução da artéria. Os cirurgiões vasculares e angiologistas, únicos profissionais aptos a identificar e tratar problemas circulatórios, são unânimes: a melhor forma de prevenir o problema é evitar a obesidade, o tabagismo, o sedentarismo, a hipertensão arterial, os níveis elevados de colesterol, o diabetes e o estresse. O único fator não evitável é o histórico familiar, já que todos os demais dependem da qualidade de vida do paciente.
Incidência
A claudicação intermitente é mais comum em indivíduos na faixa etária dos 55 aos 60 anos. Quando o mal ocorre em pessoas mais jovens, pode ser reflexo de doenças menos comuns, como a tromboangeíte obliterante (inflamação das artérias provocada pelo cigarro) ou alterações congênitas da musculatura da perna.
Como tratar?
As medidas para tratar a claudicação dependem da gravidade da doença vascular. Os casos mais leves podem ser atenuados com exercícios físicos e medicações. Os mais avançados necessitam de intervenção cirúrgica, que pode ser a convencional ou a endovascular, onde o cirurgião coloca um Stent (espécie de mola) para desobstruir o vaso. O Stent é introduzido no organismo através de uma punção da artéria do braço ou da perna. Um cateter com balão leva o Stent até o local bloqueado pelas placas de gordura.
Deixe uma resposta