Notícias

Terapia conformacional planeja sessões de radiotaerapia em três dimensões

Os pacientes com câncer de próstata contam atualmente com dois procedimentos médicos principais: a cirurgia (prostatectomia radical) e a radioterapia conformacional. No primeiro caso, os melhores candidatos à cirurgia são os pacientes com doença de risco baixo e intermediário e com expectativa de vida maior que 10 anos. Em alguns casos, os pacientes com doença localmente avançada (T3, alto risco) também podem ser candidatos à cirurgia.
Mais recentemente a cirurgia por via laparoscópica vem sendo incentivada. Essa técnica geralmente causa menos sangramento, menor morbidade e os períodos de internamento são reduzidos. As estruturas anatômicas são mais bem identificadas pela magnificação das imagens feitas pela câmera ótica no interior da pelve.
"Após a cirurgia, o paciente precisa ser acompanhado de perto, porque pode ocorrer o que chamamos de falha bioquímica, quando ocorre a recidiva da doença, ou seja, quando o tumor volta a ser identificado", explica o coordenador da Radioterapia da Santa Casa de Maceió, Marcos Davi Melo.
"Após um tratamento radical, a falha bioquímica pode ocorrer em cerca de 30% a 40% dos pacientes e pode representar falha local isolada ou doença metastática, que é preciso ser investigada profundamente", acrescentou o especialista, lembrando que depois da intervenção o paciente precisa ser avaliado três vezes ao ano. Após a falha, a metástase (para os ossos principalmente), ocorrerá, em média, em sete anos e o óbito por doença em 15 anos.

Radioterapia 3D
A radioterapia conformacional vem sendo adotada pela Santa Casa há mais de 10 anos em mais de 10 mil pacientes, dos quais 800 com diagnóstico de câncer de próstata. A técnica tornou realidade um antigo sonho dos oncologistas, que era o escalonamento de dose, ou seja, a aplicação de doses muito altas de radiação focadas com grande precisão em regiões de poucos milímetros. Essa precisão favorece a proteção das estruturas sadias adjacentes ao tumor, evitando ao máximo os efeitos colaterais, principalmente no reto e na bexiga. Na radioterapia da Santa Casa de Maceió, existe uma rotina rigorosa de controle e qualidade, respaldada pelo selo do Programa de Qualidade em Radioterapia do INCA e Mistério da Saúde.
Vários estudos internacionais mostram que a radioterapia conformacional apresentou bons resultados no controle da falha bioquímica (a recidiva do tumor) após a retirada radical da próstata por cirurgia. Os resultados foram melhores quando as aplicações ocorrem precocemente, quando os níveis de PSA estão baixos. A radioterapia adjuvante deve começar 60 dias após a cirurgia.
A análise dos 1056 casos de câncer de próstata tratados na Santa Casa de Maceió na última década revela que a maioria (80% dos casos) utilizou a radioterapia conformacional como modalidade curativa de tratamento, número semelhante a média nacional. Esses pacientes têm sido acompanhados clinicamente com exames de PSA, entre outros, por um período mínimo de 5 anos. A sobrevida dos pacientes considerados de baixo risco ficou entre 80% e 85% dos pacientes em 10 anos. Já os de risco intermediário ficou em 75% e os de risco alto em 62%.
"No tocante à idade dos pacientes tratados na Santa Casa de Maceió, predominou a faixa etária dos 60 aos 70 anos, com pique maior entre 65 e 69 anos de idade. Todavia, tivemos pacientes com idades que saem do padrão, entre os 45 aos 87 anos", alertou.
Fatos fundamentais no diagnóstico e no tratamento do câncer de próstata, câncer cada vez mais freqüente, devem ser destacados: em primeiro lugar, a grande maioria dos pacientes tratados, não tinha nenhuma clínica, eram assintomáticos, a suspeita inicial partiu da elevação do PSA total e em segundo lugar: é fundamental a perfeita interação entre urologistas e oncologistas no planejamento e execução dos tratamentos, que devem sempre ser individualizados, para que se obtenha o melhor resultado.