Farmácia em casa pode trazer riscos à saúde
Quem nunca precisou acordar à noite para tomar um comprimido e correu o risco de trocar o medicamento? E o que dizer de tomar vários remédios ao mesmo tempo, sem o conhecimento do médico, junto com chás e diversos fitoterápicos? Qual o risco de tomar antibióticos ou antiinflamatórios sem receita médica?
As perguntas acima refletem a preocupação de médicos, farmacêuticos, técnicos e gestores públicos da saúde sobre um hábito comum na população chamado: automedicação. Mas, qual o risco de se ingerir um medicamento sem prescrição médica?
Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox 2010), da FioCruz, os medicamentos são a primeira causa de intoxicação na população desde 1994, sendo responsável por 40% das internações por intoxicação no Brasil e por 27,8% das 86.700 intoxicações registradas no sistema. As crianças menores de 5 anos representam cerca de 35% destes casos.
Conforme explica a farmacêutica Danielle Rose Coimbra, que ministrou palestra em evento do Grupo de Envelhecimento Ativo da Santa Casa de Maceió, a população costuma manter em casa uma farmácia com todo tipo de medicamento, desde aquele receitado pelo médico para tratar doenças específicas de alguém da família até aqueles não controlados ou que não exigem retenção de receita.
O problema ocorre quando algum parente adoece e se recorre a esses medicamentos. A situação piora quando esse medicamento se mistura a outros remédios já utilizados pelo paciente. E se agrava mais ainda quando se toma fitoterápicos, chás de ervas diversas cultivadas sem cuidados entre outros. “O princípio ativo de um medicamento pode anular o de outro ou, pior, provocar reações nocivas ao organismo”, explica a farmacêutica.
Já a farmacêutica Mirtes Peinado lembrou em outro encontro que a dificuldade da população em ter assistência médica na rede pública de saúde e a facilidade no acesso a medicamentos formam uma perigosa combinação que favorece a automedicação.
Para se ter uma ideia, o Brasil se posiciona atualmente como o 4º mercado de consumo de medicamentos no cenário mundial, sendo o país com o maior número de farmácias do mundo (60 mil estabelecimentos), numa proporção de 3,34 farmácias para cada 10 mil habitantes, quando o recomendável pela OMS é 1 farmácia a cada grupo de 10 mil. “Cerca 80 milhões de pessoas são adeptas da automedicação no país, fato que nos deixa muito preocupados”, disse Mirtes Peinado, lembrando que é preciso disseminar pela mídia os riscos da automedicação.
Com a venda controlada mediante retenção da receita médica, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conseguiu reduzir o consumo excessivo de antibióticos no país. Agora, segundo Mirtes Peinado, falta criar barreiras para o uso abusivo de anti-inflamatórios.
Embora utilizem drogas diferentes, para fins distintos, eles vêm sendo adotados para todo o tipo de queixa, desde dores de cabeça, na coluna, dor de garganta, entre muitas outras.
O problema é que os anti-inflamatórios são remédios perigosos e, se administrados indiscriminadamente, podem fazer muito mal, provocando contração dos vasos, retenção de sódio e água, aumentando a pressão arterial, e colocando em risco o coração e os rins. Os anti-inflamatórios têm, ainda, ação lesiva sobre o fígado, provocam gastrite e lesão intestinal, tornando o indivíduo passível de desenvolver úlceras no aparelho digestivo. “Outro risco é que a automedicação pode mascarar doenças ou até mesmo agravá-las”, finalizou Danielle Coimbra.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Santa Casa de Maceió
Theodomiro Jr. – Jornalista
MTE/AL – nº 575
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