Queda pode incapacitar idosos e até causar mortes
Muito mais que experiências de vida, envelhecer pode trazer algumas complicações para a saúde. Doenças degenerativas, como diabetes, hipertensão, Parkinson e Alzheimer, são alguns dos problemas que podem acometer quem já passou dos 65 anos. Mas as quedas também são responsáveis por um grande número de mortes anualmente.
De acordo com a geriatra Helen Arruda, da Santa Casa de Maceió, com o avanço da idade, os ricos de queda aumentam. “O percentual de idosos em todo o mundo vem aumentando de forma muito rápida. Em Alagoas isso não é diferente. Temos uma proporção de idosos que aumenta a cada ano e isso traz como consequência a redução da funcionalidade da pessoa idosa, fazendo com que ele tenha mais predisposição a ter doenças crônicas, aumentado o risco de queda”, disse.
De acordo com estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2050, haverá no Brasil 73 idosos para cada 100 crianças. No mundo, teremos aproximadamente 2 bilhões de pessoas com mais de 65 anos, destes, cerca de 215 milhões serão de brasileiros.
O envelhecimento da população traz o aumento na expectativa de vida dos brasileiros, hoje de 72,78 anos. Ainda segundo o IBGE, essa média não se irá estabilizar. Daqui a 34 anos, a expectativa de vida subirá para 81,29 anos, igualando a de países de elevado IDH, como Islândia (81,80 anos) e Japão (82,60).
“Em algumas décadas, esse número será muito grande e precisamos nos preparar para essa demanda, pois ela causará impacto em todas as áreas, como na saúde, previdência e ambiente. A pirâmide populacional está sendo invertida e um dos impactos é a queda, que é uma das causas de morte entre idosos”, ressaltou a especialista.
A maioria das quedas acontece dentro de casa. As famílias precisam pensar na disposição correta dos móveis e na colocação de interruptores em locais acessíveis, como perto da cama, por exemplo.
“Chamamos de Regis Bittencourt o caminho entre a cama e o banheiro, pois é nesse trajeto onde ocorre a maioria das quedas de idosos”, destacou a geriatra Mônica Lessa. A Regis Bittencourt vem a ser a perigosa rodovia paulista que interliga São Paulo à divisa com o Paraná e que recebeu o apelido de “rodovia da morte”. “Muitos idosos utilizam medicação e quando levantam a pressão cai, ocasionando o acidente”, acrescentou a geriatra Mônica Lessa.
Qual o problema da queda? “Devido a complicações, 20% dos que caem morrem em apenas seis meses. A mortalidade é muito alta e a morbidade, que é a perda da funcionalidade também. Muitas vezes o paciente não consegue reabilitar porque o aceso ao sistema de saúde é precário e não voltam a andar”, destacou Helen Arruda.
Cerca de 40% dos idosos caem pelo menos uma vez e desses, 20% terão quedas recorrentes. “Além de aumentar o risco de fratura, lesões graves de partes moles e traumatismo craniano, a queda acaba gerando um medo no idoso que se restringe ainda mais, piorando sua funcionalidade. Isso reduz músculo e osso, causa desequilíbrio, impactando negativamente na vida do paciente. Depressão é uma das características nesses casos”, ressaltou Mônica Lessa.
Segundo as especialistas da Santa Casa de Maceió, fatores internos e externos são os causadores das quedas em idosos. “Nas idades mais avanças, as doenças crônico-degenerativas, como diabetes, hipertensão e artrose, e as doenças neurológicas que alteram o equilíbrio, como Alzheimer e Parkinson, causam desautonomia e aumenta o risco de queda”, destacou Helen Arruda.
Os fatores externos são os causados pelo ambiente. “Pisos escorregadios, locais mal iluminados, calçadas irregulares, escadas sem corrimão, tapetes, posicionamento dos armários – que podem estar baixos ou altos demais -, altura da cama e calçados são alguns dos causadores de acidentes dentro e fora de casa. Observar o lugar onde vivem ou por onde andam é essencial para garantir a segurança do idoso”, reforçou Mônica Lessa.
Para evitar acidentes, atividades físicas, para o fortalecimento muscular e ósseo, o tratamento adequado das doenças crônico-degenerativas, e o cuidado com o uso de psicotrópicos são alguns cuidados que devem ser tomados. “Muitos idosos exageram no consumo de remédios para dormir, por exemplo, o que aumenta o risco de queda.
Corrigir deficiências sensoriais, como oculares e auditivas, também diminui a chance de acidente. “A prevenção deve ser feita desde a juventude, com a prática de exercícios e uma boa alimentação. Dessa forma, se garante um envelhecimento ativo e saudável, ajudando a prevenir complicações no futuro”, finalizou Helen Arruda.
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