Santa Casa de Misericórdia de Maceió combate uso inadequado de antimicrobianos
O ser humano tem normalmente 39 trilhões de micróbios convivendo harmonicamente em seu corpo. A proporção é de 1,3 células microbianas para cada célula humana. O número pode assustar, mas eles existem para garantir o bom funcionamento do organismo e proteger o corpo de doenças causadas por invasores desconhecidos. A Santa Casa de Misericórdia de Maceió segue protocolos internacionais para evitar o uso inadequado dessas drogas com o objetivo de garantir a efetividade do tratamento aos seus pacientes.
A ação da instituição alagoana reforça as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme Nota Técnica de 05/2017, que estabelece o desenvolvimento de programas de gerenciamento de uso de antimicrobianos nos hospitais.
A implementação desses programas – além de visar ao aumento da segurança do paciente e garantia de bons resultados clínicos do uso de antibióticos – minimiza suas consequências não intencionais, tais como efeitos adversos e resistência microbiana, que pode resultar também na redução de desperdício financeiro para os serviços de saúde.
“Nosso protocolo foi revisado de acordo com as novas determinações da Anvisa, com todos os indicadores e metas definidas. As boas práticas da prescrição devem seguir as regras de ouro como usar o antimicrobiano mais restrito possível, ou seja, não dar o medicamento que combata indistintamente os antimicrobianos, pois poderá eliminar ou alterar a flora microbiana do paciente. O médico deverá pesquisar o foco e o microrganismo responsável pela infecção, e poderá usar o antibiótico mais específico. Também está na aplicação de uma dose mais apropriada de acordo com o sítio da infecção, na minimização da duração da terapia, monoterapia (quando possível, usar sempre uma droga) e a reavaliação do paciente em 48 horas após o início do antibiótico para verificar se precisa continuar, interromper ou ajustar a terapia”, explicou a médica da CCIH, Maria Tereza Freitas Tenório, gerente de Riscos e Práticas Assistenciais da instituição.
Recentemente, a Anvisa emitiu um relatório de autoavaliação para todos os hospitais do país com o direcionamento que as instituições devem seguir para o uso racional de antimicrobianos. “Na Santa Casa de Maceió, temos um trabalho que é feito com o corpo clínico, equipe de farmacêuticos, de enfermagem, os familiares e o próprio paciente, é o que denominamos de segurança compartilhada, no qual trabalhamos com a informação do tipo, horário da medicação, dose e local da administração, em conjunto com a família e o paciente, sempre que possível, para que a medicação seja administrada corretamente e o tratamento possa ser mais efetivo”, explicou a médica.
OMS luta contra o surgimento de bactérias multirresistentes
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de doses de antibióticos consumidas no Brasil está entre os maiores do mundo, superando a média da Europa, Canadá e Japão. A principal preocupação da agência é que o consumo indevido favoreça o surgimento de bactérias multirresistentes, causadoras de infecções difíceis de curar.
Ainda de acordo com a OMS, mais de 50% dos antibióticos são utilizados inadequadamente em muitos países. Entre as falhas estão a sua utilização para o tratamento de vírus quando tratam apenas infeções bacterianas ou o uso do antibiótico errado, de espectro mais amplo.
“A preocupação das autoridades mundiais demonstra claramente o perigo do aumento irreparável da resistência microbiana, que o uso indiscriminado de antimicrobianos irá acarretar, caso as ações imediatas de controle não sejam adotadas. Precisamos entender que antimicrobiano tem que ser dado com muita cautela, daí a necessidade de fazermos o controle do uso dessa droga, diferente de todas as outras. Em todas as unidades da Santa Casa de Misericórdia de Maceió fazemos esse trabalho contínuo e temos obtido resultados expressivos”, disse Maria Tereza Freitas Tenório, gerente de Riscos e Práticas Assistenciais da instituição.
Para incentivar o uso racional dos antimicrobianos, a OMS promove, anualmente, a Semana Mundial de Conscientização sobre Antibióticos. Um dos objetivos é aumentar a conscientização sobre a resistência aos antibióticos e encorajar as melhores práticas entre o público em geral, trabalhadores da saúde e formuladores de políticas para evitar o surgimento e a disseminação da resistência a esses medicamentos. A meta da agência é alcançar níveis de uso adequado de antibiótico em humanos e animais até 2050.
Estudos indicam que se nada for feito até lá, o número de mortes em função da resistência bacteriana chegue a 10 milhões por ano, superando, por exemplo, o número de vítimas do câncer (8,2 milhões). Atualmente, a estimativa é de que, a cada ano, 700 mil pessoas morram no mundo por infecções causadas por bactérias resistentes.
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