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Malformação Arteriovenosa (MAV) cerebral é tratada por especialistas da Santa Casa de Maceió

Já ouviu falar de Malformação Arteriovenosa cerebral ou MAV? Ela é uma das doenças mais difíceis de explicar para os pacientes devido à sua complexidade. Refere-se a uma conexão anormal entre artérias e veias através de um emaranhado de vasos. Ela pode se desenvolver em qualquer parte do corpo, mas ocorre com mais frequência no cérebro ou na medula.

Malformação Arteriovenosa cerebral ou MAV é uma conexão anormal entre artérias e veias através de um emaranhado de vasos

As MAVs são comumente diagnosticadas após uma tomografia ou ressonância magnética de crânio em busca de outro problema de saúde ou após um AVC hemorrágico. Uma vez diagnosticada, uma MAV cerebral pode frequentemente ser tratada com sucesso para evitar complicações, como o acidente vascular cerebral.

Os médicos Rodrigo Peres e Cícero Pacheco, da Neuroradiologia Intervencionista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, organizam o I Maceió MAV Meeting, que será realizado nos dias 3 e 4 de outubro, em Maceió. O evento terá a presença do neurorradiologista intervencionista francês, professor Charbel Mounayer, do chefe do serviço da Universidade de Limoges, na França, que é pioneira no tratamento por via venosa dessas malformações. Ele liderará a realização de casos com transmissão ao vivo para vários neurointervencionistas do Brasil.

Neurorradiologista intervencionista, Rodrigo Peres, coordenador do Serviço de Neurorradiologia Intervencionista da Santa Casa de Maceió

“Estamos firmando colaboração com serviços fora do país. Aqui na Santa Casa de Maceió, criamos um grupo de trabalho multidisciplinar para o tratamento das malformações arteriovenosa cerebrais. Embora seja um tipo de doença que não possua uma freqüência tão alta quanto os aneurismas cerebrais ou os AVCs, ela se manifesta geralmente numa faixa etária mais jovem, causando portanto um impacto importante nesse sentido. Recentemente houve muitos avanços no tratamento das malformações do ponto de vista endovascular, com terapias menos invasivas”, destacou o neurorradiologista intervencionista Rodrigo Peres, coordenador do Serviço de Neurorradiologia Intervencionista da Santa Casa de Maceió, que esteve por um mês, no início deste ano, no Hospital Universitário de Limoges, acompanhando a equipe do professor Mounayer.

Cícero Pacheco, neurorradiologista intervencionista da Santa Casa de Maceió

Segundo o neurorradiologista intervencionista, Cícero Pacheco, a equipe da instituição alagoana tem realizado procedimentos em adultos e crianças e conseguido a cura da doença. “Até um tempo atrás ela era mais freqüente com cirurgia aberta. Com essa técnica, introduzimos um cateter pela artéria da virilha ou do braço, que leva um material líquido que solidifica e fecha o emaranhado (nidus) de vasos anormais. Em casos selecionados, podemos ocluir toda lesão numa única sessão, embora possam ser necessárias mais sessões em outras MAVs. Ocluem-se apenas os vasos anormais, que poderiam romper e causar sequelas ou até a morte. Então é possível fazer o fechamento sem trazer prejuízos para o paciente”, disse o especialista.

As malformações arteriovenosas geralmente são clinicamente silenciosas até o sintoma inicial, que pode ser um AVC hemorrágico, crise epiléptica, dor de cabeça ou déficits neurológicos progressivos ou transitórios.

A técnica de embolização por via venosa é aplicada há pouco tempo no Brasil. Alagoas é um dos pioneiros no Nordeste na utilização do método. “Para os cirurgiões tradicionais, fazer esse tratamento por via venosa, há pouco tempo, era impensável, pois o tratamento sempre era feito pela artéria e seguia para o emaranhado, dentro do fluxo normal do sangue” disse Cícero Pacheco.

“Com essa nova técnica, fazemos o contrário: o agente líquido embolizante é injetado da veia para o emaranhado e deste para as artérias nutridoras, havendo oclusão da veia ao final do procedimento. Embora não possa ser utilizada em todas as MAVs, conseguimos tratar pacientes que até pouco tempo eram intratáveis por via endovascular” explica Rodrigo Peres.

“Essa mudança de paradigma no tratamento está alcançando altas taxas de oclusões. No serviço do professor Charbel Mounayer chega a 95%”, completa Cícero Pacheco.

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