Processo de esterilização diminui risco de infecção hospitalar
São 24 horas de trabalho diários na Central de Materiais e Esterilização (CME) da Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Com equipes divididas por turnos, uma média de 30 mil instrumentais cirúrgicos são esterilizados, separados e distribuídos para serem usados nos mais diversos tipos de cirurgias realizadas no hospital. O resultado deste trabalho? Em 2019, das 6575 cirurgias limpas (realizadas na epiderme, tecido celular subcutâneo, sistemas músculo-esquelético, nervoso e cardiovascular, ou seja, tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso local) feitas na instituição, o índice de infecção de ferida operatória foi de 0,7%.
Para o processo de lavagem, preparo e esterilização dos materiais, a Santa Casa de Maceió dispõe dos melhores maquinários do mercado. São duas lavadoras ultrassônicas, uma termodesinfectora, três autoclaves (esterilização a vapor) e dois Sterrads, que atendem à demanda de todo o hospital.
“A instituição investe em maquinário de ponta e insumos de alta qualidade, o que garante a eficácia do trabalho. As cargas (caixas com os instrumentais esterilizados) só são liberadas diante dos testes biológicos que comprovem a eficácia da esterilização. Desta forma, a segurança nos procedimentos cirúrgicos é de quase 100% em ferida operatória. Mas a manipulação também conta.”, disse a supervisora do setor, a enfermeira Mayra Moura.
Na CME a maior demanda é do bloco cirúrgico, com 80% dos materiais esterilizados pelo setor. O restante do trabalho é distribuído nas demais unidades do hospital, como Internação, UTIs, Emergência, e algumas unidades externas, como o Centro Médico Dr. Duílio e a Santa Casa Poço.
De acordo com a enfermeira Lilian Karla Rocha, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da Gerência de Riscos da Santa Casa de Maceió, no ano passado, o hospital reduziu em 0,2% o índice infecção registrado em 2018 (0,9%) nas cirurgias limpas. “É uma conquista alcançada em conjunto com a CME. A CCIH acompanha de perto os processos da Central com vistorias técnicas e validação dos materiais. Também acompanhamos o reprocessamento desses materiais, bem como confirmamos as validades dos instrumentais enviados para o centro cirúrgico. Essa verificação também é realizada dentro de um projeto piloto iniciado no segundo semestre de 2019, de Prática Monitorada nas cirurgias cardíacas. Este ano vamos abordar outra especialidade cirúrgica”, contou.
Pesquisa tem ampliado a validade de alguns materiais
Com pesquisa interna, a diminuição de custos dos processos de esterilização tem sido outro ponto forte da CME. “Somos um setor que tem insumos de valores muito altos, como Arposafe (material desinfetante de alto nível). Fomos trabalhando para ver como diminuir esses custos e após estudos dentro da Santa Casa de Maceió, e resultados do trabalho, vimos que a Manta SMS, que envolve as caixas cirúrgicas, podia ter seu prazo de validade ampliado de 7 dias para até dois meses. Isso diminuiu o custo de reprocessamento das caixas por vencimento”, destacou Mayra Moura.
Outra situação que vem registrando baixa de custos no setor, diz respeito aos materiais desinfetados. Diferente dos materiais que são esterilizados, as peças são imersas em solução para uma desinfecção de alto nível e não passam pelo processo de esterilização com o maquinário. Todos os materiais inalatórios e ventilatórios passam por esse processo de desinfecção e também tinham validade de sete dias. Com estudos fora do hospital, ficou comprovado que o prazo podia ser aumentado para um mês.
“O curto prazo de validade foi discutido numa visita de auditoria. O que se questionou é que “se a embalagem estava íntegra, porque tínhamos que reprocessar?” Como há setores que não usam os materiais com muita frequência, eles acabavam voltando para a esterilização. Com os estudos feitos fora, pudemos ver que se a embalagem estiver íntegra, a validade desse material chega a 30 dias. Agora, nossos estudos internos estão buscando comprovar que a validade pode ser por tempo indeterminado. Não é um material que precisa ser estéril, pois não é invasivo. São máscaras para respirar ou de inalação que são usados externamente nos pacientes”, disse a supervisora do CME.
Rastreio dá mais agilidade e segurança ao trabalho
A implantação do sistema Rastro, que faz a rastreabilidade dos materiais que chegam à Central de Materiais e Esterilização, começou em 2019. Cerca de 60% do processo já foi finalizado e os resultados têm sido positivos. “Com o sistema conseguimos rastrear todos os materiais, tanto instrumentais metálicos como os inalatórios de plástico. Com ele, conseguimos saber onde cada peça está no hospital. Com isso também diminuímos custos e ganhamos tempo, pois antes o processo era manual, ligávamos para os setores para saber se o material estava lá”, disse Mayra Moura.
A Central de Materiais e Esterilização conta com 44 profissionais na equipe. São quatro enfermeiros, um auxiliar administrativo e 39 técnicos de enfermagem divididos nas seguintes linhas de trabalho: expurgo, sala de preparo, maquinário e arsenal, onde se distribui o material totalmente estéril para os setores de origem.
Após a gravação de alguns instrumentais e a conclusão do treinamento das equipes, o processo será finalizado. “Até o final de janeiro o sistema deve estar em 100% de atividade. Hoje, cada instrumental é cadastrado no sistema Rastro e recebe um código. Os kits também são identificados e podem ser localizados após distribuição. Basta acessar o programa. Na Central de Materiais e Esterilização, o rastreio começa no expurgo (lavagem e secagem). Depois o material é bipado novamente no sistema e passa para a sala de preparo. O técnico prepara o kit e etiqueta para a máquina de esterilização e em seguida para o arsenal, de onde será liberado”, explicou a supervisora da CME.
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