Equipe da Santa Casa de Maceió realiza terceiro transplante de fígado
Até o dia 2 de dezembro, a cirrose autoimune regia a rotina de um adolescente alagoano de 16 anos. Cinco meses após se inscrever na lista de transplantes, surgiu, na Paraíba, a esperança de uma nova vida. A cirurgia foi realizada pela equipe do Programa de Transplante de Fígado da Santa Casa de Maceió, único hospital em Alagoas credenciado pelo Ministério da Saúde (MS) para o procedimento. O jovem se recupera na UTI e tem alta prevista para os próximos dias.
Iniciado em maio deste ano, o transplante foi o terceiro registrado na instituição alagoana. Oscar Ferro, médico e coordenador do Programa, destaca que o número baixo de doadores ainda é um entrave para que o serviço possa beneficiar mais pacientes. “Neste momento, outras duas pessoas aguardam o chamado da Central de Transplantes de Alagoas (órgão estadual que organiza e agiliza o processo de captação junto à Coordenação Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde). Nosso estado ainda tem poucas doações e isso se dá por fatores como a falta de divulgação de informações sobre o processo de captação do órgão e dúvidas sobre a segurança no diagnóstico de morte cerebral”, disse.
No Brasil, para doar um órgão basta comunicar à família sobre o desejo de ser doador para que ela autorize o procedimento. Em 2020, mais de 43% das famílias recusaram a doação de órgãos de seus parentes após morte encefálica comprovada, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Em Alagoas esse número está em 40%. A lista de transplantes é única, tem ordem cronológica de inscrição e os receptores são selecionados para receber os órgãos em função da gravidade (considerando a pontuação da escala MELD – um sistema que avalia a seriedade da doença hepática), compatibilidade sanguínea e genética com o doador. O País tem 27 centros de notificação integrados, onde os dados do doador são cruzados com os das pessoas que aguardam na fila.
CAPTAÇÃO – O órgão doado ao adolescente era de um jovem de 21 anos, vítima de acidente automobilístico. Para agilizar a captação do fígado na Paraíba, a FAB [Força Aérea Brasileira] foi acionada e levou a equipe alagoana até o estado nordestino, retornando em seguida com o órgão para cirurgia. A cirurgia de alta complexidade foi financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), durou cerca de oito horas, e terminou sem intercorrências. Além de Ferro, o procedimento contou com os médicos Fábio Moura, Felipe Augusto, Leonardo Soltinho, Amanda Lyra, Larissa Borges, Cira Queiroz, além da equipe da UTI e da Enfermagem.
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