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Câncer de colo do útero é o câncer ginecológico mais incidente no Nordeste

Câncer sempre é um assunto difícil de discutir, ainda mais quando se trata de um dos tipos mais incidentes em mulheres no Brasil, o câncer de colo do útero. Mesmo sendo considerado um dos mais preveníveis, este câncer registrou uma taxa de mortalidade, ajustada pela população mundial, de 5,33 óbitos/100 mil mulheres, em 2019. Em 2021, a estimativa foi de 16.710 novos casos e esta incidência pode ter sido ainda maior, já que a pandemia contribuiu para atraso no diagnóstico e subnotificações.

Exame preventivo (Papanicolau) pode sinalizar a presença de lesões que serão tratadas antes que evoluam.

Neste mês de janeiro, a cor verde alerta para prevenção e detecção precoce desse tipo de câncer. As sociedades brasileiras de cirurgia oncológica e oncologia incentivam campanhas efetivas no combate a doença e estimulam políticas públicas para maior conscientização da sociedade.

Mas o que pode ser feito para mudar esse quadro? Segundo a cirurgiã oncológica da Santa Casa de Maceió, Amanda Leite, o autocuidado é primordial para que a doença possa ser controlada. “De forma geral, os pacientes oncológicos foram muito prejudicados com a pandemia. Se antes já tinham o estigma de “não vou ao médico, porque pode ser câncer”, com a pandemia o medo de pegar covid-19 diminuiu ainda mais a busca por atendimento. Em relação às mulheres, elas precisam se conhecer. Ter consultas periódicas com o ginecologista e realizar o exame preventivo (Papanicolau), pois com ele é possível sinalizar a presença de lesões e tratá-las antes que evoluam. O diagnóstico precoce é a chave do tratamento. Precisamos evitar ao máximo que a paciente chegue aos consultórios com sintomas, pois, na maioria das vezes, quando ela os apresenta, a doença já está mais avançada”, alerta a especialista.

Sangramentos fora do ciclo menstrual, sangramento a cada relação sexual, dor pélvica, secreção fétida, e desconforto ao urinar estão entre os sintomas mais frequentes. O diagnóstico vem a partir do exame ginecológico, resultado da citologia, e da colposcopia seguida de biópsia. Confirmando a doença, o tratamento deve ser acompanhado por um especialista que vai avaliar se o caso é cirúrgico ou se o tratamento deve ser com radioterapia/quimioterapia.

Cirurgiã oncológica, Amanda Leite alerta para a necessidade do autocuidado

“Nem todo paciente que tem câncer de colo de útero tem indicação cirúrgica, só indicamos cirurgia quando o diagnóstico é feito na fase inicial, com grandes chances de cura. Nas fases avançadas, o melhor tratamento é com radioterapia e quimioterapia. Mas ainda existe um estigma na população de que se não fizer a cirurgia é porque a paciente está “desenganada”. A chance de cura é menor, mas ainda existe”, diz a cirurgiã oncológica Amanda Leite.

O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos de HPV (chamados de tipos oncogênicos). A infecção genital por esse vírus é muito frequente e na maioria das vezes não causa doença. Em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. O pico de incidência está entre mulheres de 40 até 50 anos. Nos últimos anos, porém, o número de casos está aumentando entre jovens em torno dos 25 anos, principalmente em decorrência ao início precoce da atividade sexual e promiscuidade.

 VACINAÇÃO – O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, o Ministério estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.  Essa vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.

“Espera-se que a incidência diminua muito após uma parcela significativa da população ser vacinada. Acredito que as campanhas educativas devem, além de reforçar junto aos pais sobre a importância da vacina, ser iniciadas na escola para atingir o público alvo”, finalizou o cirurgiã oncológica Amanda Leite.

 

 

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