Operação Sorriso: seleção de crianças para cirurgia será nesta quarta
A rotina da Santa Casa de Maceió ganhará um ritmo diferente amanhã. A partir das 5h30 uma equipe de profissionais de saúde e voluntários selecionarão as cerca de 50 crianças que serão submetidas à cirurgia de correção de fissura lábio-palatina, organizada em Alagoas pela ong Operação Sorriso Brasil. As intervenções serão realizadas no centro cirúrgico da Santa Casa nos dias 24, 25 e 26 de outubro.
Um grupo de voluntários estará de prontidão desde as primeiras horas da manhã no Estacionamento B, localizado defronte à Emergência 24 horas, para receber as crianças e mães interessadas na cirurgia. O estacionamento, reservado aos diretores e gerentes da instituição, cederá lugar à infra-estrutura da Operação Sorriso, que terá toldos, cadeiras, mesas, brinquedoteca e consultórios, visando garantir o conforto dos beneficiados e envolvidos na iniciativa.
O atendimento terá início a partir das 8h30, seguindo uma metodologia conhecida como as oito estações. Os pacientes são entrevistados e avaliados por oito profissionais (divididos em estações, ou consultórios) dentre eles, enfermeiras, psicólogas, geneticistas, pediatras clínicos, cirurgiões plásticos, odontólogos, fonoaudiólogos e anestesistas.
Durante todo o dia, mães e filhos serão acompanhados por profissionais de terapia ocupacional e psicólogas e ainda receberão lanches e refeições sob a responsabilidade da equipe de nutrição da Santa Casa.
Resultado
Após às 18 horas, as mães e crianças que não puderem retornar as suas cidades serão hospedadas na Casa de Apoio Lenita Quintela, da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Segundo o coordenador da Operação Sorriso em Alagoas, André de Mendonça Costa, o Ministério Público fez um trabalho de convencimento das prefeituras para que disponibilizassem transporte para os cidadãos que quisessem participar da seleção. O resultado, porém, será conhecido somente no dia seguinte. As mães devem ligar para o telefone do Ambulatório Geral (2123-6287 ou 2123-6005) e procurar informações com a assistente social de plantão ou dirigir-se pessoalmente ao setor.
Conforme explicou a gerente assistencial da Santa Casa de Maceió, Rejane Paixão, alguns processos patológicos, como viroses, pneumonia e anemia profunda são determinantes para que a criança não seja selecionada para a cirurgia. “Não deixa de ser um momento triste para as mães, porém não queremos submeter essas crianças a nenhum risco”, justificou Rejane, explicando que os não selecionados receberão tratamento para tais patologias e serão acompanhados após a Operação Sorriso pelo próprio cirurgião plástico André de Mendonça.
Como a capacidade da equipe e dos equipamentos possui um limite, haverá prioridade para os casos de pacientes que sofram apenas de fissura labial. Em seguida virão os casos de lábio-palatina (lábio e “céu da boca”) e, por último, os de fissura no palato (crianças com problema apenas no “céu da boca”).
Números
Desembarcarão durante a semana em Maceió nada menos que 7 toneladas de equipamentos médicos oriundos dos Estados Unidos e que estavam sendo utilizados no Quênia (África), além de quinze médicos especialistas e vinte voluntários de outros estados – e até de países sul-americanos. O grupo se unirá aos seis médicos, 50 profissionais de saúde e 45 voluntários alagoanos que atuarão na seleção e durante os três dias de cirurgia.
Conforme contabilizou o médico André de Mendonça, uma cirurgia particular de fissura labial pode variar de R$ 3 mil a R$ 6 mil dependendo do hospital e dos profissionais envolvidos. O procedimento é coberto pelo Sistema Único de Saúde, mas, conforme a enfermeira Rejane Paixão, o teto financeiro do município impede sua expansão. Atualmente, a Santa Casa realiza uma média de duas a três cirurgias deste tipo por mês.
Crianças com fissura labial, no palato (“céu da boca”) ou labio-palatina (lábio e “céu da boca”) sofrem com a rejeição e a discriminação da sociedade. Segundo André de Mendonça, a cada 1000 nascidos vivos uma criança nasce com o problema, mas há regiões onde essa relação é mais preocupante e chega a um caso a cada 700 nascimentos.
A patologia é identificada já no útero por meio de um simples exame de ultrasom, mas a intervenção corretiva somente pode ser realizada após os 15 meses de vida para as fissuras no palato e após os três meses nos casos de patologia no lábio.
A fissura lábio-palatina é causada por uma combinação de diversos fatores, entre eles genéticos, pré-natais, ambientais e nutricionais e não causa apenas problemas estéticos, mas também funcionais no desenvolvimento da criança, como a formação da voz.
“Elas não têm culpa de terem nascido com esta patologia. São crianças que iniciam a vida sem sorrir, mas que após a cirurgia voltam expressar sua felicidade através do sorriso. Para nós isso é motivo de muita alegria”, finalizou Rejane Paixão.
Mais informações no site da Operação Sorriso no endereço www.operacaosorriso.org.br.
O programa recebe apoio do Ministério Público de Alagoas, Governo do Estado por meio da Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, Casa de Apoio Lenita Quintela Vilela e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Craniomaxilofacial, entre outras entidades parcerias.
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