Câncer de mama é evitado antes de criança nascer
“O que fazer com pessoas que trazem de seus ancestrais uma pesada carga genética, que as predispõe a ter algumas doenças graves, como o câncer de mama? Isso é uma discussão não só científica, como também de ordem cultural e legal”, afirmou o oncologista Marcos Davi Melo, coordenador do Departamento de Oncologia.
Segundo ele, o University College, de Londres, anunciou esta semana o nascimento de um bebê que seria um potencial portador de câncer de mama. A criança foi objeto do diagnóstico antes mesmo do embrião ser implantado no útero mãe.
Os especialistas testaram o embrião para saber se ele continha uma forma de câncer genética de mama, configurada por alterações do gene BRCA1. As mulheres que possuem essa variação genética têm entre 65% e 80% de chances de desenvolverem câncer de mama ou de ovário durante a vida. O método utilizado foi o diagnóstico genético pré-implante.
“Com o diagnóstico antecipado, evitam-se o “dilema existencial potencial” e o “trauma físico e emocional” da interrupção de uma gravidez já em andamento”, considera o especialista Marcos Davi.
A criança britânica nasceu sem o gene BRCA1, que lhe daria por toda a sua vida a possibilidade de desenvolver o câncer de mama. A mãe da garota, de 27 anos, optou por esta técnica, já que várias gerações de sua família: sua avó, sua mãe e sua irmã tiveram este tipo de câncer.
A medicina sabe há anos que alterações genéticas, como as encontradas nos genes BRCA1 e BRCA2, são altamente relacionadas com a possibilidade de desenvolver câncer de mama. Todavia, em alguns países desenvolvidos, como os EUA, legalmente só existe o recurso das mastectomias preventivas nas mulheres adultas portadoras destas alterações genéticas.
Já em países como a Inglaterra, esta prevenção já pode ser feita em nível de embrião, incontestavelmente, um imenso avanço na medicina”, finaliza Marcos Davi
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