Projetos reduzem índices de infecção e garantem assistência segura ao paciente
No ano em que a Santa Casa de Maceió comemora 21 anos de criação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, a instituição contabiliza inúmeras vitórias no combate a infecções. Graças a uma série de projetos implantados em 2009 foi possível, no período, reduzir em 16% o índice de eventos deste tipo relacionados à assistência, confirmando a série histórica de 13 anos com o registro de 2% de taxa global dessas infecções na Santa Casa de Maceió.
Outra conquista diz respeito ao projeto Transferência Segura, que visa melhorar o conhecimento sobre as condições clínicas dos pacientes antes da admissão no hospital. “Reduzimos em 68% o número de micro-organismos multirresistentes, conhecidos pela sigla MDR”, comemora a gerente de Riscos e Assistência Hospitalar, Tereza Tenório.
Em 2009 também foi possível reduzir em 52% os índices de infecções relacionadas ao uso de ventilação mecânica nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O responsável por este resultado foi o projeto denominado Guardião, cuja referência foi a campanha internacional 5 Million Lives Campaing (em bom português, 5 Milhões de Vidas). Liderado pelo Institute for Healthcare Improvement, em parceria com o Instituto Qualisa de Gestão (IQG), a campanha visa promover melhorias na segurança da assistência aos pacientes das UTIs.
“Nesse sentido, adotamos medidas estratégicas, como o checklist de cuidados essenciais, que busca prevenir possíveis complicações relacionadas ao uso de ventilação mecânica”, explica Tereza Tenório.
Já o projeto Operação Mãos Limpas, implantado na Santa Casa de Maceió com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo papel fundamental que exerceu sobre a comunidade hospitalar no tocante à higienização das mãos.
O projeto representou a versão local da campanha internacional Save lives: Clean Your Hands, lançada pela OMS. A iniciativa alertou para a importância da higienização das mãos como medida essencial na prevenção de infecções. A divulgação de cartazes nos murais da instituição, com imagens de profissionais de diversas áreas da Santa Casa de Maceió com o slogan "Eu Lavo as Mãos, e Você?", foi uma das estratégias que mais chamou a atenção no projeto.
Morte de Tancredo estimulou CCIHs
Historicamente o Controle das Infecções Hospitalares em nosso país tem seu marco com a portaria MS196 de 24 de junho de 1983.
Embora alguns profissionais de saúde no País já se preocupassem com o assunto desde a década de 70, o programa tomou novos rumos com a morte do presidente Tancredo Neves, quando o País assistiu atônito à luta da equipe médica contra um processo infeccioso causado por bactérias resistentes que culminou com a morte do presidente eleito.
Grupos de trabalhos foram formados por determinação do ministro da Saúde, Carlos Sant’Anna, e criados Centros de Treinamento em Infecção Hospitalar para capacitação de multiplicadores nessa área.
Em seguida, foram implantadas nos hospitais as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que tinham a missão de assessorar o corpo clínico na implantação de medidas controladoras da infecção hospitalar. Hoje o termo infecção hospitalar deixou de seu usado, passando a ser apenas “infecção na assistência à saúde”.
Húngaro vinculou não lavagem de mãos a infecções
Ignaz Fülöp Semmelweis
(1818 – 1865)
Nascido na cidade de Buda, na Hungria, o obstetra Ignaz Semmelweis ficou famoso por descobrir a prevenção da febre puerperal e por introduzir a profilaxia antisséptica (lavagem das mãos) na prática médica.
Ignaz Semmelweis estudou na Universidade de Pest e doutorou-se pela Universidade de Viena (1844), foi indicado para assistente da clínica obstétrica de Viena e tornou-se professor assistente na maternidade do Hospital Geral de Viena.
Observando a elevada mortalidade de mães jovens depois do parto, Semmelweis observou que essa taxa era mais alta nas mulheres situadas na primeira seção da clínica que nas da segunda, embora em ambos os setores as mães recebessem idêntico tratamento e concluiu que à transmissão de infecções se dava por meio dos internos do hospital, que procediam diretamente de tais laboratórios para as salas da maternidade.
Semmelweis determinou então rigorosas medidas de assepsia, principalmente a lavagem das mãos dos médicos com sabão antes do exame das parturientes.
A queda sensível da taxa de mortalidade provocou o despeito do chefe da clínica, que o forçou a se afastar de Viena (1850) e foi para a Universidade de Pest, onde trabalhou como médico obstetra na maternidade da cidade, aplicou seus métodos com mesmo sucesso e tornou-se professor de obstetrícia.
Embora não tenha descoberto as causas das infecções, como Pasteur, Ignaz Semmelweis escreveu uma obra importante para a medicina da época, “Die Ätiologie, der Begriff und die Prophylaxis des Kindbettfiebers” (1861), postumamente reeditada sob o título “Offene Briefe an Professoren der Geburtshilfe von Semmelweis” (1899).
Inconformado com a desconsideração de suas idéias em outros hospitais, Semmelweis terminou seus dias internado em um hospital para doentes mentais em Viena, onde morreu vítima de uma infecção hospitalar, justamente daquilo contra o qual ele tinha mais combatido em vida.
(*) Texto extraído do site da Universidade Federal de Campina Grande em www.dec.ufcg.edu.br/biografias.
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