“A epilepsia tem cura; já o preconceito, não”
A epilepsia é conhecida desde a Antiguidade e já foi associada tanto a fatores divinos (na Grécia antiga achava-se que os epiléticos falassem com Deus) como demoníacos (em Roma, na Idade Média, muitos foram para o fogo por causa de manifestações convulsivas).
Independente do fator, as crises epilépticas, principalmente as generalizadas do tipo tônico-clônicas (convulsões), sempre assustaram muito a sociedade, fazendo com que o epiléptico tenha que enfrentar um obstáculo difícil de transpor: o de ser socialmente estigmatizado.
“As pessoas se assustam e se afastam daqueles que têm crises ou ataques com perda dos sentidos e convulsões, que afetam parte dos pacientes portadores de epilepsia. Isso acaba sendo pior que a própria doença”, diz o neurologista Abynadá Lyro.
Diferente do que pensa grande parte da sociedade, a epilepsia não é transmissível e nem torna seus portadores incapazes intelectualmente ou de trabalhar. Prova disso são as personalidades que se destacaram na história da humanidade e que eram portadoras da doença. Na lista estão Joana D’Arc, Napoleão Bonaparte, Lewis Carroll (autor de Alice no País das Maravilhas), Vincent van Gogh, o escritor Machado de Assis dentre outros.
A doença também pode se revelar por meio de ataques bem específicos. Segundo o neurologista Abynadá Lyro, a epilepsia é um distúrbio cerebral crônico, de diferentes causas (etiologias), caracterizado por uma série de crises causadas pelas descargas excessivas e ocasionais de neurônios cerebrais. A descarga ocorre em determinada área do cérebro lesionada. Os sintomas são correspondentes a esta área ou ao tipo de lesão. Não podendo transitar por esta região, o acúmulo da eletricidade pode ser descarregado periodicamente e de forma abrupta. Aí ocorre a crise epilética.
De acordo com a área do cérebro afetada, o paciente pode perder momentaneamente a capacidade de falar; ver imagens distorcidas; ou movimentar membros e órgãos comandados pela parte do cérebro lesionada. A crise epilética dura entre dois e três minutos, após o qual o paciente volta à normalidade. A doença pode ser genética ou adquirida em acidentes com traumatismo craniano, por exemplo.
“Para diagnosticar a epilepsia é preciso que o médico converse com o paciente e consiga sua história detalhada, examine fisicamente, para que se identifique os sinais da doença”, diz Abynadá Lyro. “Exames complementares podem ser solicitados, mas a anamnese é fundamental”, reforça. A boa nova é que epilepsia tem cura, em um percentual bastante alto, com o tratamento medicamentoso, principalmente quando iniciado precocemente. Existe também, como segunda opção, com bom resultado o tratamento cirúrgico. A última alternativa é a cirurgia, que possui alto grau de eficiência, mas que só é indicada quando os medicamentos não conseguem mais um controle satisfatório.
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