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ClasSaúde 2012: saúde cresce induzida pela oferta

Prof. Dr. Marcos Bosi Ferraz, chefe do Grupo Interdepartamental de Economia da Saúde da UNIFESP

Prof. Dr. Marcos Bosi Ferraz, chefe do Grupo Interdepartamental de Economia da Saúde da UNIFESP

“No Brasil, vivemos uma situação esquizofrênica. Setores que deveriam ter o seu crescimento induzido pela demanda crescem, hoje, pela oferta. E vice-versa”. A opinião é do médico e diretor do Centro Paulista em Economia da Saúde (CPES), ligado à Universidade Federal de São Paulo, Marcos Bosi Ferraz.
A saúde é um caso típico de setor que deveria ter o seu crescimento induzido pela demanda, através do estabelecimento de políticas públicas de médio e longo prazos que priorizem as reais necessidades do sistema de saúde e criem condições para o investimento, o que não acontece.

O fenômeno, inclusive, já está influenciado na formação dos profissionais da área. “Na Unifesp, os médicos que estão se formando optam por especialidades que têm maior chance de rentabilizar o seu trabalho e estão atreladas a procedimentos.
Com determinados equipamentos à disposição, o médico gera sua própria demanda. É por isso que em muitos estados brasileiros já não se encontram pediatras, especialistas que vivem basicamente de consultas”, explica Marcos Ferraz.
A solução depende, segundo ele, da criação de incentivos, tanto por parte do governo quanto da iniciativa privada, para que esses profissionais sejam bem remunerados e recebam o reconhecimento da sociedade. “Mas isso não se faz da noite para o dia”, reconhece.

A visão estreita, de curto prazo, dos nossos governantes impede que questões importantes sejam debatidas pela sociedade e que poderiam orientar as decisões para o sistema de saúde que o Brasil quer ou pode ter em 15 anos. “A saúde nunca foi priorizada no país”, afirma Marcos Ferraz.
Entre algumas definições importantes elencadas pelo especialista em Economia da Saúde estão a definição clara de papéis do SUS e da saúde suplementar, quais os limites de atuação de cada um, complementariedade da assistência, troca de dados e informações, segurança jurídica e qual o “tamanho” do sistema suplementar que queremos ter no país.
A pergunta mais crítica, porém, que afugenta os políticos pelo ônus que traz é: Podemos ou temos condições de dar de tudo a todos?

O módulo de Sistema de Saúde Público-Privado do 17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde, evento que acontece dias 23 e 24 de maio, em São Paulo, durante a Hospitalar 2012, se propõe a discutir essas questões. O tema central do evento – “Dilemas da Saúde: Presente e Futuro” – é, segundo Marcos Ferraz, extremamente oportuno, já que sistemas de saúde de todo o mundo enfrentam desafios e dilemas.
“Isso acontece porque a velocidade de geração de conhecimento na saúde e a demanda por parte dos usuários é maior que a capacidade de entrega dessa assistência. O tema central do ClasSaúde 2012 passa por uma palavra, que é escolha”.

Investir em um novo equipamento para atender a uma demanda reprimida e solucionar um problema em curto prazo ou investir em sistema de informação e dados que possibilite melhor análise do que acontece hoje para que decisões em médio e longo prazos sejam tomadas com menor probabilidade de erros?
Dar, pelo SUS, remédio de alto custo a um paciente terminal de câncer ou suspender o tratamento de dezenas de diabéticos que recebem tratamento barato? “São decisões que, mais cedo ou mais tarde, teremos que tomar, pois não temos recursos suficientes para atender a todas as necessidades e desejos dos cidadãos”, frisa.

Paralelamente, Marcos Ferraz defende a desoneração de algumas áreas no intuito de facilitar o investimento privado em saúde e o retorno direto à sociedade. “Sabemos que alguns produtos veterinários têm tributação bem menor do que outros voltados para a saúde humana. Isso não faz sentido.
O Brasil precisa rever esse cenário para favorecer investimentos. Isso pode ocorrer através de isenções ou de benefícios indiretos bem formulados e que se mantenham por algum tempo, fazendo com que o empresariado constate que vale a pena investir na saúde”, defende Ferraz.

O 17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde é o evento internacional do ClasSaúde e está dividido em três módulos. Além do Sistema de Saúde Público-Privado, que acontece dia 23 de maio, os outros debatem Capacitação Profissional (23 de maio) e Saúde Suplementar (25/05).
Oficiais da Hospitalar Feira + Fórum, os congressos são realizados pela Confederação Nacional de Saúde (CNS), Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess), Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SINDHOSP) e Hospitalar Feira + Fórum.

Os congressos ClasSaúde reúnem autoridades, empresários e profissionais qualificados, que têm a oportunidade de discutir temas relevantes para os seus negócios e o sistema de saúde.
Marcos Ferraz, que coordena a comissão científica do módulo de Sistema de Saúde Público-Privado do 17º Congresso Latino-Americano, acredita que os participantes podem propagar as ideias discutidas nos eventos para outros líderes.
“Isso contribui para o amadurecimento, para que melhores escolhas sejam feitas dentro do sistema de saúde. Por ser um público diferenciado, esperamos que eles voltem a debater um pouco dos temas que foram colocados e propaguem essas ideias em outros ambientes”, finaliza Ferraz. Inscrições abertas a partir de março. Mais informações no www.classaude.com.br.

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