Pacientes cirúrgicos dão adeus ao jejum prolongado na Santa Casa de Maceió
O Projeto de Jejum Abreviado, adotado pela Santa Casa de Maceió agora em setembro, pôs um fim ao principal problema enfrentado por pacientes cirúrgicos eletivos: os efeitos negativos do jejum prolongado sobre o organismo. A iniciativa busca evitar um quadro bastante comum em unidades de internação de todo o país: crianças e adultos em jejum por períodos que variam de 8h a 22h.
Em linhas gerais, o Projeto Jejum Abreviado formatou três rotinas nutricionais. Para cirurgias programadas no período da manhã, o paciente internado ingere uma solução de maltodextrina às 5 horas da manhã, podendo realizar a cirurgia 2 horas depois.
Nos procedimentos previstos para a tarde, ou seja, após às 13 horas, o paciente pode tomar um café da manhã leve e de fácil absorção e às 11 horas a solução de maltodextrina.
Para intervenções noturnas, a serem realizadas a partir das 18 horas, um café da manhã normal, no horário do almoço uma refeição leve e a solução de maltodextrina às 16 horas. Havendo a transferência de horário, o paciente passa a seguir a rotina específica daquele turno.
Maltodextrina
No Projeto Jejum Abreviado os pacientes ingerem 200 ml de maltodextrina duas horas antes da intervenção cirúrgica. Esse composto é um carboidrato formado por polímeros de glicose de fácil absorção pelo organismo, que permite manter o equilíbrio nutricional do paciente ao mesmo tempo em que mantém o indivíduo em condição similar à tradicional dieta zero.
Excluídos
Em princípio todos pacientes estão aptos a se beneficiarem com o jejum pré-operatório abreviado, inclusive os diabéticos, crianças e idosos. As gestantes também podem receber a solução de maltodextrina mas a dieta é diferenciada.
Alguns casos específicos, entretanto, estão excluídos da lista. São eles os portadores de doença de refluxo gastroesofágico, obesos mórbidos (com Índice de Massa Corpórea acima de 40kg/m2) ou pessoas com obstrução intestinal além de outras doenças que possuem esvaziamento gástrico retardado. Nesses casos aplica-se o protocolo convencional, com o jejum mínimo de 8 horas.
Agora, tanto a nutricionista Silvya Souza como o anestesista Sílvio Lima fazem um alerta importante. "Os pacientes não podem adotar dietas em casa por conta própria antes de se dirigirem ao hospital e muito menos deixar de cumprir a dieta nos horários prescritos no pré-operatório", reforçaram os dois profissionais.
Sílvio Lima enfatiza ainda outro dado importantíssimo: "os médicos precisam explicar ao paciente e apresentar por escrito a lista de alimentos que podem ou não podem ser ingeridos nas horas que antecedem a intervenção cirúrgica. Isso evita uma série de mal entendidos", alertou.
Ele ressaltou situações como o de pais que, diante do sofrimento do filho com o jejum prolongado, costumavam oferecer alimentos não autorizados. "Sem a informação correta e por escrito nas mãos eles acabavam colocando seus filhos em risco", acrescenta o anestesiologista.
História
Nos primórdios da anestesiologia, por volta do século XIX, o jejum pré-operatório era de apenas 2 horas. Mas, com as complicações verificadas em pacientes esse prazo foi sendo ampliado até chegar às atuais 8 horas de jejum atuais.
Hoje, baseado em estudos científicos, os médicos e instituições como a Santa Casa de Maceió aliam a segurança assistencial com o bem estar do paciente.
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