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Santa Casa atendeu a 2.236 casos novos de câncer de mama em 10 anos

Oncologista Marcos Davi Melo

Oncologista Marcos Davi Melo

O Ministério da Saúde anunciou esta semana que até 2014 pretende dobrar o número de mamografias no Brasil por meio de campanhas destinadas às mulheres na faixa etária dos 50 aos 69 anos. O objetivo é nobre já que em Alagoas esse público representa 47% das mulheres atendidas pelo Serviço de Oncologia da Santa Casa de Maceió entre os anos de 2000 e 2010.
O problema, segundo avalia o oncologista Marcos Davi Melo, é que as mulheres "não cobertas" pelo Ministério da Saúde, ou seja, aquelas com idade até 49 anos e acima dos 70 anos, representam 53% das mulheres atendidas na instituição no mesmo período. Para se ter uma ideia mas precisa do problema, 40% dessas pacientes “ignoradas” pelo MS estão no extrato dos 30 aos 49 anos.
“O foco das campanhas e a meta do Ministério da Saúde deveriam abranger todas faixas etárias e não ser restrita apenas a uma parcela do público-alvo”, alertou Marcos Davi, que representa a Santa Casa de Maceió junto ao Instituto Nacional do Câncer (Inca), uma vez que a instituição é credenciada no Ministério da Saúde como Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON).
Marcos Davi Melo também coordena e foi responsável pela implantação do Registro Hospitalar de Câncer (RHC), único banco de dados especializado em oncologia de Alagoas reconhecido pelo Inca e pelo Ministério da Saúde.
O erro de estratégia do Ministério da Saúde ao restringir suas atenções para apenas uma faixa etária preocupa os especialistas porque o câncer de mama vem crescendo entre as mulheres mais jovens e economicamente mais ativas, particularmente na faixa etária dos 30 aos 49 anos.
Com uma expectativa de surgimento de 52 mil casos novos de câncer de mama somente este ano, especialistas como Marcos Davi estão temerosos quanto à decisão do Ministério da Saúde.
“A questão é que 20% dos diagnósticos confirmados de câncer de mama ocorrem quando a doença está em seu início (fases 1 e 2), momento em que a probabilidade de cura chega aos 95%.
O problema é que a maioria das mulheres (80%) procura ajuda médica muito tarde, quando o tumor está em estágio avançado (fases 3 e 4), ou seja, quando o sucesso de cura cai para 30%”, alerta o oncologista, reforçando a mamografia como a melhor ferramenta de diagnóstico para identificação precoce do câncer de mama.

Medo da mamografia
Pesquisa realizada pelo Instituto Avon com 1700 mulheres de 50 cidades brasileiras revela que metade delas não faz a mamografia porque têm medo do exame. Outras 60% associam o diagnóstico à dor e ao sofrimento devido a possibilidade de terem um resultado positivo. “Ignorar a doença é o principal erro das mulheres. Vale lembrar que 90% dos diagnósticos ocorrem em pacientes que nunca tiveram casos de câncer de mama na família, sendo de origem hereditária algo entre 5% e 10% dos casos”, finalizou.

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