Resistência microbiana põe em risco saúde no planeta
Se a automedicação traz riscos individuais para o paciente, o uso indevido de antibióticos põe em risco toda a população. O problema, aponta a médica Tereza Tenório, gerente de Risco e Assistência Hospitalar da Santa Casa de Maceió, é que o uso abusivo e sem prescrição médica de antibióticos pode causar reações adversas, efeitos colaterais e, o mais grave, resistência microbiana. Considerando que 40% dos remédios consumidos hoje no Brasil, segundo a Anvisa, são antibióticos, tem-se a dimensão aproximada do problema.
A chamada "resistência microbiana" piora o quadro infeccioso do paciente e reduz a eficácia do tratamento. "Quando o paciente utiliza um antibiótico de maneira inadequada, os micro-organismos desenvolvem uma mutação e se tornam resistentes ao medicamento. Eles aprendem a se defender do antibiótico e repassam essa informação para as demais gerações até surgir uma cepa imune à droga”, explica Tereza Tenório, citando microorganismos resistentes como as micobactérias (encontradas na superfície do solo), as KPCs (na água) e o Acinetobacter, que atuam de forma oportunista em pacientes com imunidade baixa.
Ela explica que o corpo humano possui bactérias que ajudam o sistema de defesa do organismo a defender-se de bactérias nocivas aos seres humanos em lugares estratégicos como a pele e a boca.
"Quando você toma um antibiótico indevidamente, elimina não só as bactérias ruins do seu organismo como as boas também", alerta Tereza Tenório. A partir deste momento, as bactérias resistentes começam a se multiplicar e a produzir infecções resistentes ao antibiótico.
A literatura médica revela que os antimicrobianos não conseguem agir sobre todos os microorganismos. Na grande maioria das vezes são eficazes contra bactérias e, em alguns casos, fungos e parasitas. Em doenças virais, por exemplo, os antibióticos não têm qualquer eficácia.
“Por tudo isso, a receita médica é imprescindível no ato da compra de antibióticos. Só o médico tem condições de avaliar se uma infecção é bacteriana ou viral. O paciente não tem como distinguir uma da outra apenas pelos sintomas apresentados. Para se ter uma ideia, tanto infecções virais quanto bacterianas provocam sintomas semelhantes no paciente", finaliza Tereza Tenório.
Deixe uma resposta