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Resistência microbiana põe em risco saúde no planeta

O micro-organismo E-coli ganhou status de superbactéria e já matou mais de 35 pessoas na Europa em dois meses

O micro-organismo E-coli ganhou status de superbactéria e já matou mais de 35 pessoas na Europa em dois meses

Se a automedicação traz riscos individuais para o paciente, o uso indevido de antibióticos põe em risco toda a população. O problema, aponta a médica Tereza Tenório, gerente de Risco e Assistência Hospitalar da Santa Casa de Maceió, é que o uso abusivo e sem prescrição médica de antibióticos pode causar reações adversas, efeitos colaterais e, o mais grave, resistência microbiana. Considerando que 40% dos remédios consumidos hoje no Brasil, segundo a Anvisa, são antibióticos, tem-se a dimensão aproximada do problema.
A chamada "resistência microbiana" piora o quadro infeccioso do paciente e reduz a eficácia do tratamento. "Quando o paciente utiliza um antibiótico de maneira inadequada, os micro-organismos desenvolvem uma mutação e se tornam resistentes ao medicamento. Eles aprendem a se defender do antibiótico e repassam essa informação para as demais gerações até surgir uma cepa imune à droga”, explica Tereza Tenório, citando microorganismos resistentes como as micobactérias (encontradas na superfície do solo), as KPCs (na água) e o Acinetobacter, que atuam de forma oportunista em pacientes com imunidade baixa.
Ela explica que o corpo humano possui bactérias que ajudam o sistema de defesa do organismo a defender-se de bactérias nocivas aos seres humanos em lugares estratégicos como a pele e a boca.
"Quando você toma um antibiótico indevidamente, elimina não só as bactérias ruins do seu organismo como as boas também", alerta Tereza Tenório. A partir deste momento, as bactérias resistentes começam a se multiplicar e a produzir infecções resistentes ao antibiótico.
A literatura médica revela que os antimicrobianos não conseguem agir sobre todos os microorganismos. Na grande maioria das vezes são eficazes contra bactérias e, em alguns casos, fungos e parasitas. Em doenças virais, por exemplo, os antibióticos não têm qualquer eficácia.
“Por tudo isso, a receita médica é imprescindível no ato da compra de antibióticos. Só o médico tem condições de avaliar se uma infecção é bacteriana ou viral. O paciente não tem como distinguir uma da outra apenas pelos sintomas apresentados. Para se ter uma ideia, tanto infecções virais quanto bacterianas provocam sintomas semelhantes no paciente", finaliza Tereza Tenório.

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