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“É um mito que o homem do campo fuja do urologista”

No Congresso Nacional, urologista apresenta projeto pioneiro de assistência ao homem do campo

Urologista Mário Ronalsa em comissão da Câmara dos Deputados

O urologista Mário Ronalsa apresentou no Congresso Nacional, no XI Fórum de Políticas Públicas e Saúde do Homem, o resultado de uma iniciativa pioneira no Brasil que leva assistência urológica a trabalhadores do campo em municípios alagoanos. Trata-se do Programa Saúde do Homem do Campo, parceria entre a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e secretarias municipais de saúde.

A principal mensagem deixada pelo urologista Mário Ronalsa – e comprovada com dados – é que o problema do câncer de próstata e de pênis no Brasil reside na falta de atendimento urológico e não na resistência dos homens em fazer o toque retal ou a coleta de sangue para avaliação do PSA.

“O receio de ir ao urologista e dos exames é um mito. As quase 15 mil mortes por câncer de próstata, registradas no Atlas de Mortalidade por Câncer, e os mais de 68 mil casos novos a cada ano, informados pelo Instituto Nacional do Câncer, poderiam ser minimizados se o homem do campo tivesse acesso a informação e a assistência urológica. Esse trabalho que desenvolvemos de forma voluntária desde 2015 e que já assistiu quase 1500 homens do campo é a prova disso”, comentou Mário Ronalsa.

Dos 1466 homens assistidos pelo Programa Saúde do Homem do Campo entre 2015 e 2018, um grupo pequeno (6,6%) disse ter realizado uma ou mais consultas ao urologista, ou seja, a maioria (93,4%) nunca tinha se consultado e recebido orientações de um especialista da área.

O levantamento empírico revelou também que 100% dos homens aceitaram fazer o exame de PSA e que apenas dois pacientes num universo de 1.466 homens se negaram a fazer o toque retal. “Ou seja, o homem aceita tratar de sua saúde, o que falta é a assistência urológica nas três esferas do governo”, disse.

O mediador do encontro, o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT-ES), destacou a importância dos dados e da expertise que Alagoas adquiriu com este programa. “Levantamentos como esse são escassos em nosso País e servem para a readequação das políticas públicas”.

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que o homem faça os dois exames (PSA e toque retal) entre os 50 e os 80 anos. Agora, quem tem pessoas na família (pai e irmãos) que tiveram câncer de próstata deve iniciar os exames entre os 40 e 50 anos.

Ainda referindo-se ao levantamento do programa em Alagoas, dos 1466 pacientes assistidos, 174 (12%) tinham idade abaixo de 50 anos, 1283 entre 50 e 80 e apenas 9 acima de 80 anos. Apenas 5,7% do total tinha histórico familiar de câncer de próstata e 94,3% não tinha registro do problema na família.

“Quando levamos o projeto para o Senar, uma frase do secretário executivo da entidade Daniel Carrara nos motivou mais ainda”, destacou Mário Ronalsa: “No Brasil, a saúde acaba onde começa a estrada de terra. Precisamos fazer alguma coisa”, disse Carrara.

E Mário Ronalsa prosseguiu: “A ideia que estava no papel e que hoje é uma realidade em Alagoas é uma tentativa neste sentido. Hoje queremos que o programa seja nacionalizado e beneficie milhões de brasileiros que estão longe do grandes centros”.

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