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Saiba como retomar rotina de exercícios físicos após o distanciamento social

O pé humano contém 26 ossos, sendo sete tarsais, cinco metatarsais e 14 falanges. É dividido em três partes anatômicas e funcionais, além de possuir músculos e nervos que o envolvem. Apesar de aguentar o peso do corpo e levá-lo para todas as direções, o pé tem seu limite de esforço. Quando ele é ultrapassado, pode atrapalhar os planos de quem voltou com todo o gás à rotina de caminhadas e corridas após meses sem poder se exercitar em academias ou ao ar livre devido à pandemia da covid-19. O ortopedista e cirurgião da Santa Casa de Maceió, Antônio Alício, alerta sobre como evitar lesões que podem impor novos períodos de afastamento da prática esportiva.

Segundo o especialista é fundamental seguir três regras básicas que irão possibilitar os resultados pretendidos. “Do ponto de vista médico, quem vai voltar a praticar esportes deve procurar um especialista em cirurgia do pé, pois vai necessitar de algumas orientações que passam por três pontos: o terreno, o treino e o equipamento (tênis e roupa). Para os idosos, por exemplo, além do auxílio médico, é importante ter o acompanhamento de um personal que o oriente quanto a melhor forma de praticar o exercício e evitar lesões por esforço”, disse.

Ainda segundo Antônio Alício, a orientação profissional também ajuda na escolha do modelo de tênis mais adequado para o perfil do paciente. “Às vezes a pessoa dispende de grandes recursos na compra de um modelo ao qual não se adaptam, pois não era o equipamento correto para sua realidade, já que não atendia ao tipo de pisada ou o do exercício que vai fazer. A escolha errada vai impedir que o produto seja desfrutado da melhor forma, diminuindo os resultados e causando problemas de desempenho”, destacou.

Partes de um tênis: cabedal (1), palmilha (2), biqueira (3), cadarço (4), língua (5) drop (6), contraforte (7), entressola (8) e solado (9)

Geralmente, um bom tênis dura em torno de 600 km. Quem faz treinos de longas performances (10km/dia) é preciso ter mais de um tênis, pois ele necessita de um descanso de 24 horas para que a borracha volte ao formato original. “Quem vai fazer atividades diárias precisa ter mais de um calçado para conseguir alternar o uso e dar tempo da recuperação do equipamento que vai voltar à posição original da borracha, senão não vai conseguir extrair a melhor performance. O tênis da caminhada não é o mesmo do futebol de salão, que não é o mesmo do basquete. Na retomada das atividades físicas há quem faça corrida na segunda, quarta e sexta. Nos outros dias, com o mesmo tênis, joga futebol. E não pode. Cada modelo foi elaborado para proteger um gesto esportivo diferente”, afirmou o cirurgião.

Já com relação ao terreno, o atleta precisa ficar ciente que, quanto mais plano ele for, melhor será para retomar a vida em movimento. “Para começar os exercícios, o terreno deve ser estável e macio. Não pode ser muito duro, nem irregular. Ladeiras (aclives e declives) não são benéficas por forçar o tendão de Aquiles e quem não está fisicamente preparado pode sentir dor, caso seja acrescentado uma intensidade maior, como causar um dano nos tendões. Por isso, o terreno deve ser plano e menos rígido”, disse Antônio Alício.

Nesse caso, os terrenos de cimento não são indicados por serem muito rígidos. Apesar de menos rígidos e mais fácies de correr ou caminhar, os de barro ou areia também não são a melhor opção. A areia fofa é muito exigente para o tornozelo e o pé e deve ser evitada no início das atividades. Esse tipo de terreno é indicado apenas quando o indivíduo já está fisicamente preparado, pois a atividade está mais ligada aos exercícios funcionais, de força e mudança de direção. Já o asfalto, que absorve melhor o impacto, é uma boa escolha.

Ortopedista Antônio Alício é especialista em cirurgia do pé

Na academia ou em casa, a esteira ergométrica só pode ser elevada quando o paciente tem algum preparo, pois todo aclive causa uma sobrecarga na parte posterior do tornozelo. “O terreno plano ainda evita as torções, que são extremamente comuns na pratica de esportes, e podem afastar os corredores da atividade por 6 ou 8 semanas. A torção ocorre, em média, em um de cada mil habitantes. Em Maceió, por exemplo, que tem um milhão de habitantes, são 100 torções por dia”, exemplificou o cirurgião.

Treino escalonado é o ideal para não lesionar os ossos

O treino deve ser escalonado de acordo com a capacidade respiratória, cardíaca e muscular do paciente. De acordo com o cirurgião do pé, quando se impõe ao corpo uma carga de exercício maior do que ele está preparado, pode causar lesões como uma fratura de estresse ou de fadiga. “Quando o osso não está adaptado a uma carga cíclica tão intensa, ele reage quebrando a estrutura, que trinca, e o paciente fica incapaz de fazer o exercício por até dois meses. A ideia de começar forçando, às vezes, leva o paciente a ficar parado por um bom tempo. O melhor é que quando o paciente decidir voltar a fazer atividades físicas, que seja orientado pelo educador físico e pelo ortopedista especialista em cirurgia do pé, pois são os profissionais habilitados para orientar qual o melhor treino, terreno e equipamento”, ressaltou Antônio Alício.

Escolha errada do terreno para o exercício pode provocar lesões

“Há pacientes que são orientados, mas, quando começam a sentir uma dorzinha levam muito tempo para voltar ao médico, quando na verdade já deve estar com alguma lesão. Os sinais de alerta que o corpo dá são muito claros. E a dor é o principal deles. Se o paciente está fazendo atividade esportiva com dor, tem algo errado e que precisa ser avaliado por um médico. Atividade esportiva é prazerosa e ao final a sensação é de prazer por conta da liberação da endorfina”, finalizou o especialista.

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