Famílias ainda rejeitam doação de órgãos
Em Alagoas, a Central de Captação de Órgãos possui 342 pessoas na fila de espera aguardando um transplante. No Brasil, o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) registrou em junho 17.814 pacientes aguardando uma chance para viver ou para ter mais qualidade de vida. Enquanto isso, mesmo após a confirmação de morte encefálica do paciente, muitas famílias têm recusado a doação de órgãos.
Ainda segundo o RBT, publicado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, em 2014 o sistema recebeu 4.551 notificações de potenciais doadores em todo o país. Deste total, 1.313 famílias de pacientes sequer quiseram ser entrevistadas para tratar de uma possível doação de órgãos. Em Alagoas, das 18 notificações verificadas no primeiro semestre, 12 geraram entrevista e seis (50%) recusaram. Cinco doações não foram autorizadas no período.
Os números revelam um dos principais empecilhos na área de transplantes quando o assunto é doador falecido. “Mesmo após a confirmação da morte encefálica, muitas famílias acreditam que o paciente pode estar em coma e acordar a qualquer momento. Daí a recusa em tratar de uma possível doação de órgãos”, comentou o nefrologista Rodrigo Campos.
O problema na demora em se decidir pela doação de orgãos é que o paciente com morte encefálica pode sofrer uma série de ocorrências, como parada cardíaca, por exemplo, que podem comprometer o estado de todos os órgãos e todo o procedimento.
Daí o foco do Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado no neste sábado (27), ser direcionado às famílias e a cada cidadão que queira realizar esse gesto humanitário: “Doe órgãos, doe vida!”
“Infelizmente, a cada 10 potenciais doadores, quatro não realizam a doação de orgãos devido à recusa da família. Por isso, é importante que todos expressem em vida esse desejo”, acrescentou Rodrigo Campos.
Para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, mas é fundamental comunicar à família o desejo da doação. Normalmente, todos concordam com a realização deste último desejo, que só se concretiza após a autorização da família por escrito.
No Brasil, o diagnóstico de morte encefálica é definido pela Resolução CFM Nº 1480/97, devendo ser registrado, em prontuário, um Termo de Declaração de Morte Encefálica, descrevendo os elementos do exame neurológico que demonstram ausência dos reflexos do tronco cerebral, bem como o relatório de um exame complementar. Esclareça suas dúvidas lendo o box abaixo.
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