Especialista em cirurgia da mão lança livro sobre lesões no cotovelo e punho
Durante a Segunda Guerra Mundial, os militares que sofriam mutilação nos membros superiores (mão, punho, cotovelo e ombro) precisavam ser atendidos e acompanhados por diversos especialistas, dentre eles cirurgiões, ortopedistas, neurologistas, dentre outros.
Diante do esforço de guerra, mobilizar tamanha quantidade de médicos para tratar o mesmo paciente tornava-se cada vez mais difícil. Como resposta a essa realidade, surgiu na Medicina a figura do cirurgião especialista em membros superiores, cujo conhecimento envolve áreas correlatas como ortopedia, neurologia, cirurgia vascular e cirurgia plástica.
Diante da necessidade de se compilar tantos conhecimentos espalhados por diferentes áreas, o cirurgião da mão da Santa Casa de Maceió, Niceas Gusmão Filho, passou os últimos dois anos e meio estudando a literatura médica nacional e internacional e a evolução de alguns dos 1703 pacientes que se submeteram a cirurgias de membros superiores na instituição entre 2004 e 2009.
O fruto visível deste trabalho pode ser conferido no livro "Cirurgia de membro superior – Patologias dolorosas de cotovelo de punho: abordagem topográfica" (Edufal, 2010, 200 pag. R$ 90,00), que será lançado no próximo dia 18 de março no Centro de Estudos da Santa Casa de Maceió.
Conforme o título do livro antecipa, Niceas Gusmão fez o mapeamento topográfico de lesões localizadas nas áreas lateral, posterior, anterior e medial do punho e do cotovelo. "Trouxemos para a nossa realidade o que ocorre no mundo em termos de cirurgia de membro superior", resume o especialista da Santa Casa de Maceió. O livro traz dados, resultados de pesquisas, fotografias e análises das patologias que atingem cada uma dessas "regiões topográficas”.
O autor afirma que a obra traz informações multidisciplinares que deverão atrair a atenção não apenas da comunidade médica alagoana e brasileira, mas de todos os profissionais da área.
Números – Segundo o Ministério do Trabalho, o Brasil registra cerca de 1,1 milhão de acidentes de trabalho por ano, metade deles afetando diretamente os membros superiores. Conforme explica Niceas Gusmão, os chamados traumas profissionais envolvem a integridade anatômica de mãos, punhos e cotovelos, sendo mais comuns no Nordeste os acidentes na agricultura com ferramentas de trabalho.
Já os traumas de repetição são aqueles que afetam a integridade funcional dos membros superiores, sendo mais comuns na população patologias como bursite, inflamação dos tendões dentre outras. Democráticos, os distúrbios ocupacionais (DORT) atingem toda a população adulta na faixa etária dos 25 aos 55 anos, independente de classe social. São mais freqüentes entre bancários, secretárias, digitadores e profissionais que abusam do computador em sua rotina diária.
Conforme alerta o cirurgião Niceas Gusmão, 70% dos distúrbios ocupacionais têm origem ergonômica, ou seja, na postura física dos profissionais e em móveis, teclados e mesas utilizadas de forma errada ou mal projetadas. "A boa notícia é que a cirurgia é o último recurso da Medicina", enfatiza Niceas Gusmão, lembrando que 90% dos casos têm tratamento clínico e somente os 10% restan-tes levam à mesa cirúrgica.
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