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Lipoaspiração: clínicas e profissionais não qualificados põem pacientes em risco

Cirurgião plástico da Santa Casa de Maceió, Luiz Alberto Lopes Ferreira

Cirurgião plástico da Santa Casa de Maceió, Luiz Alberto Lopes Ferreira

No ano em que a Medicina brasileira comemora 31 anos da primeira lipoaspiração, os especialistas do setor comemoram a liderança da cirurgia plástica entre as intervenções cirúrgicas realizadas no País.
De acordo com o cirurgião plástico Luiz Alberto Lopes Ferreira, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), 40% dos pacientes de cirurgias plásticas recorrem a este procedimento.
"Nesses 30 anos, muita coisa mudou. No início, os orifícios para a sucção eram maiores, o que causava mais traumas no tecido do paciente. Hoje as cânulas variam entre 2 e 5 milímetros, o que garantiu maior precisão, menor tempo de cirurgia e cicatrizes bem menores", afirma Luiz Alberto.
Considerada uma técnica segura por especialistas de todo o mundo, a lipoaspiração pode se tornar perigosa se realizada por profissionais sem qualificação e sem a formação necessária exigida para este tipo de cirurgia. "E mais, se realizada em clínicas sem o serviço de UTI e os equipamentos necessários para o acompanhamento do paciente antes, durante e depois da intervenção", alerta Luiz Alberto.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, um cirurgião precisa ter no mínimo 11 anos de experiência, incluindo a graduação e a residência médica, além de dois anos de especialização em cirurgia geral e mais três em cirurgia estética e reparadora. No site da entidade (www.cirurgiaplastica.org.br) é possível checar a lista com os 18 médicos membros da sociedade em Alagoas.
Outra exigência é a presença do anestesista antes, durante e depois do procedimento. Além disso, o paciente precisa realizar uma série de exames e passar por uma avaliação médica para checar se não há impedimentos clínicos tanto para a cirurgia como para a anestesia.
O grande desafio da entidade, entretanto, é convencer à população de que em Medicina nem sempre o mais barato é o mais seguro para o paciente. Os médicos normalmente não gostam de precificar procedimentos, mas em se tratando de lipoaspiração vale o alerta. Valores muito abaixo do que os bons profissionais praticam no mercado pode ser sinal de que algo está errado. Outra dica importante é que cada paciente deve ter sua avaliação específica, ou seja, cada procedimento possui um custo diferenciado. Uma alternativa é consultar mais de um médico.
“Muita atenção também com anúncios do tipo lipolight, minilipo, lipoescultura, que nada mais são do que marketing. A lipoaspiração é única, pode variar no tamanho ou no volume retirado, ”, acrescentou.
Outro detalhe importante é que não se deve considerar a lipoaspiração como uma alternativa de emagrecimento, já que o paciente ideal precisa perder peso via reeducação alimentar e com exercícios físicos. A gordura residual, não eliminada por esses meios, é retirada pela lipoaspiração.
Segundo a SBPC são realizados anualmente no Brasil 600 mil cirurgias plásticas. Mais cirurgias, maior a possibilidade de eventos adversos. Um estudo do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) revela o tamanho do problema. Pesquisa realizada entre 2001 e 2008 mostra que 33% dos 289 processos eram relacionados à lipoaspiração, a maioria dos casos envolvendo profissionais sem a qualificação exigida pela SBPC.
"Há casos de pediatras, ortopedistas e especialistas de outras áreas realizando lipoaspiração. Cabe a nós, médicos, alertar a sociedade, mas cabe ao paciente escolher o profissional e o hospital com a estrutura necessária para um procedimento seguro”.

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