ARTIGO: Incontinência urinária masculina – esfincter artificial
O portal da Santa Casa de Maceió inaugura um novo espaço de conteúdo: a seção Artigos Médicos, no menu Publicações. Confira o artigo inaugural do urologista Mário Ronalsa.
Para o Brasil, no ano de 2012, foram estimados 60.180 casos novos de câncer da próstata. Esses valores correspondem a um risco previsto de 62 casos novos a cada 100 mil homens.
Nas regiões Sudeste (78/100 mil) e Nordeste (43/100 mil), o câncer da próstata é o mais incidente entre os homens. Sem considerar os tumores da pele não melanoma, é o mais frequente nas regiões Centro-Oeste (75/100 mil), Sul (68/100 mil) e Norte (30/100 mil).
Esta patologia, no momento de seu diagnóstico pode ser classificada nas mais diferentes fases de seu estadiamento, desde a doença localizada, até as mais avançadas como localmente invasiva e metastática.
Nos últimos anos, com as campanhas de conscientização versadas pela mídia e a Sociedade Brasileira de Urologia, felizmente temos encontrado em torno de 75% dadoença em seu estádio inicial, ao contrário do que víamos há 20 anos atrás.
Para a doença em estádio inicial, a Prostatovesiculectomia Radical é o tratamento mais indicado. Trata-se de uma cirurgia de alta complexidade em que é retirada não só a próstata como também as duas vesículas seminais, parte da uretra e colo da bexiga.
Algumas complicações são inerentes a este procedimento sendo entre eles o mais importante e devastador a Incontinência Urinária. Esta pode ser classificada como leve, passando pelo grau moderado chegando até as mais severas. A presença ou não da incontinência e seus graus não podem
ser previstos antes do procedimento cirúrgico, pois estão diretamente associados ao volume do tumor, intensidade de invasão de outras estruturas anatômicas adjacentes, principalmente as bandas neurovasculares que margeiam a próstata e o esfíncter uretral.
Sendo assim foi desenvolvido pela American Medical Systems (A.M.S.), indústria americana, um Esfíncter Uretral Artificial, denominado AMS-800, que detém patente internacional, sendo o único com suas características no mercado mundial.
Em Alagoas, o Serviço de Urologia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, foi pioneiro na colocação destes esfíncteres, com os trabalhos iniciados no ano de 2001. Uma das limitações para a colocação deste aparelho, além de uma longa curva de aprendizado é sem dúvida o seu elevado valor de mercado.
Por isso em todo o Brasil a maioria dos Serviços de Urologia detém um pequeno número destes procedimentos cirúrgicos. Na Santa Casa de Maceió, em virtude da parceria criada com as Secretarias de Saúde Municipal e Estadual, completamos este ano a colocação de 20 (vinte) Unidades Esfincterianas Artificiais, cerca de dois casos por ano, o que se torna um volume razoável de procedimentos para nossa realidade regional.
Todos os esfíncteres colocados em pacientes do nosso Serviço até este momento, excetuandose dois deles que faleceram por outras causas, estão funcionando normalmente, mantendo-os totalmente continentes gerando um elevado grau de satisfação, grande melhora na qualidade de vida e uma total re-inclusão social.
(*) Titular da Sociedade Brasileira de Urologia Professor da Disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina da Uncisal Coordenador do Serviço de Urologia da Santa Casa de Maceió.
Deixe uma resposta