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Fisioterapia ajuda na recuperação de pacientes graves com covid-19

O panorama do novo coronavírus (Covid-19) tem se agravado em Alagoas, principalmente na capital, com um número crescente de indivíduos contaminados. A Santa Casa de Maceió, até a segunda-feira (04), contava com 73 pacientes internados. Entre casos confirmados e suspeitos da doença, 24 pessoas estavam na UTI, recebendo tratamento como os da fisioterapia respiratória, que desempenha um importante papel para atenuar os sintomas ocasionados pela infecção.

O fisioterapeuta Nailton Ferraz Filho mostra um dos ventiladores mecânicos utilizados nos pacientes

Nos pacientes que sofrem com a doença, a fisioterapia respiratória atua em vários âmbitos desde a participação na equipe multidisciplinar prestando assistência ao paciente grave (intubação, ventilação mecânica e mudanças de decúbito) até condutas de terapia para remoção de secreção brônquica e melhora da função respiratória.

O fisioterapeuta Nailton Ferraz Filho atua na Santa Casa de Maceió há sete anos, e tem se deparado com casos de evolução rápida da doença. “A situação em Maceió é crítica, com evoluções graves na questão pulmonar. Inicialmente, esses pacientes são atendidos no pronto atendimento e os mais graves são encaminhados para a equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro e fisioterapeuta), quando são feitos os primeiros cuidados com a administração de oxigênio, para evitar uma queda na quantidade de oxigênio no sangue. Mas a deteriorização pulmonar tem sido muito rápida, um agravo muito grande do patógeno dentro da via respiratória, fazendo com que os pacientes evoluam com desconforto respiratório e precisem ser levados à UTI, onde são intubados e passem a ter ventilação mecânica”, disse o fisioterapeuta.

Quando os pacientes são intubados eles recebem sedação e, para não interagir com o respirador, precisam de um bloqueador neuromuscular o que faz com que tenham total paralisação da mecânica respiratória por parte do paciente. O ventilador passa a trabalhar por ele. Dessa forma, pacientes hospitalizados sofrem perdas de massa muscular devido ao imobilismo, o que pode prolongar o uso da ventilação mecânica. A fisioterapia dispõe de condutas, dentro de protocolos de segurança hemodinâmica e metabólica, que preconizam mobilizações e visam preservar ou melhorar a integridade e amplitude da força muscular.

Raio-x de caso clínico de covid-19

“O pulmão não trabalha sozinho. Ele necessita de uma boa musculatura torácica, abdominal, que é o diafragma, para nos fazer respirar. Diante da hipomobilidade no leito, os pacientes perdem volume muscular observadas na diminuição de medidas nas coxas, antebraço e do abdômen, o que faz com fiquem um tempo maior na prótese ventilatória. A perda dessa musculatura é que dificulta a retirada mais rápida da ventilação. Estudos mostram que nos sete primeiros dias perde-se, aproximadamente, 35% de massa muscular. Temos cuidado de pacientes que ficam mais de 15 em ventilação mecânica devido às inflamações que acontecem no pulmão. Mas cada pessoa reage de forma diferente à infecção viral”, destacou Nailton.

Mobilização precoce diminui tempo de ventilação mecânica

A mobilização precoce, feita por parte da fisioterapia, pode ser iniciada em pacientes graves, mas estabilizados. Nesses casos, mesmo com eles entubados, podem ser feitos exercícios ativos assistidos (quando o paciente está acordado e com noção corporal), o que ajuda o profissional a dar funcionalidade em uma musculatura que está há muito tempo parada. Com o início precoce da fisioterapia motora, ainda na UTI, diminui o tempo de ventilação mecânica.

Já os pacientes que conseguem sair da UTI dão continuidade ao tratamento em apartamentos ou enfermarias do hospital para se recuperar da deterioração pulmonar. Os fisioterapeutas investem no fortalecimento da musculatura respiratória e periférica (braços e pernas) com os exercícios com pesos. De acordo com o fisioterapeuta, um paciente que entra com 80 quilos pode sair pensando 70 ou 68 quilos.

“Ainda não estamos conseguindo dar alta da UTI para muitos pacientes. Nos que saem do tratamento intensivo, há uma grande perda muscular, pois a alimentação é por sonda ou via acesso central e se concentra num aporte calórico calculado de acordo com a necessidade do paciente, diferente de quando estamos em casa e que podemos nos servir”, disse Nailton Ferraz Filho.

 

 

 

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