Santa Casa transmite cirurgias simultâneas para evento
O dia de ontem foi corrido para os 30 profissionais do Brasil e do exterior que se revezaram nas quatro salas do Centro Cirúrgico da Santa Casa de Maceió. Eles participaram do 1º Curso ao Vivo de Videoendoscopia Diagnóstica e Terapêutica, realizado em Alagoas, um dos eventos do 33º Congresso Brasileiro de Endoscopia Digestiva, que será aberto hoje (13) no Centro de Convenções de Maceió.
Das 8h30 às 18 horas, 24 pacientes, sendo oito do SUS e dez de convênios, foram submetidos a exames endoscópicos gratuitos de esôfago, colo e estômago. As intervenções cirúrgicas foram acompanhadas por 250 profissionais do País e do exterior por meio de um telão instalado no Centro de Convenções do Hotel Jatiúca.
As imagens captadas nas salas cirúrgicas da Santa Casa eram editadas na “ilha” de edição de vídeo montada em outra sala do centro cirúrgico, sendo depois transmitidas, por onda de rádio, para um equipamento no prédio em construção da TV Gazeta. Daí o sinal seguia para uma antena no Hotel Jatiúca.
A tecnologia disponível permitia que, por meio do moderador, os médicos no auditório fizessem perguntas à equipe do centro cirúrgico. A resposta vinha por meio de áudio, ouvido por todos os presentes. Os participantes também interagiam por meio de sugestões e de enquetes em tempo real.
Profissionais
O Curso ao Vivo de Videoendoscopia Diagnóstica e Terapêutica reuniu profissionais brasileiros e do exterior como Anthony Axon (Inglaterra), Jean François (França), João Celso Ardengh, Walton Albuquerque, Marcio Tolentino, Paulo Sakai, Venceslau Costa, Luis Luna, dentre outros cirurgiões e especialistas em endoscopia.
Para os leigos, o alagoano Luis Luna, médico radicado no Rio de Janeiro, explica que o termo endoscopia significa “ver dentro” e reflete a principal característica deste segmento da medicina: obter imagens de dentro do organismo, seja com fins de diagnóstico ou terapêutico. “A endoscopia nasceu em 1970 com o desenvolvimento de tubos flexíveis e das mini-câmeras”, explicou o renomado especialista, nascido em Penedo.
Ele se mostrou satisfeito com o nível de organização alcançado pela Santa Casa de Maceió: “O que existe em outros centros de referência do país vocês tem aqui. Um centro cirúrgico de primeira classe, instalações limpíssimas… Devo dizer que estou muito satisfeito”, resumiu Luis Luna.
Outro médico que se mostrou impressionado com o nível de organização do evento foi professor de livre docência da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado de São Paulo (USP), Paulo Sakai. Ele, que também é diretor do Serviço de Endoscopia Gastrointestinal do Hospital da Clínicas de São Paulo (USP), disse que as dificuldades para se realizar um evento como este são imensas.
Paulo Sakai fala com conhecimento de causa, já que a USP realiza anualmente, em São Paulo, um evento internacional semelhante ao realizado agora em Maceió. “Quando o Herberto (Toledo) e o Venceslau (Costa) disseram o que iriam realizar em Maceió, eu disse que estavam estão loucos: ‘as dificuldades são imensas, o transtorno é grande e o trabalho mais ainda’. E eles responderam: ‘Trabalho por trabalho não era problema, já que estavam acostumados a trabalhar e muito’. Constato, hoje, que eles cumpriram o que se propuseram e com um nível de organização que mostra o quanto Alagoas está avançada nesta área”, finalizou.
Walton Albuquerque, outro especialista que participou das cirurgias na Santa Casa de Maceió, confirmou as dificuldades de uma iniciativa como esta. “A complexidade do curso ao vivo faz com que este tipo de evento fique limitado a centros de referência ou a centros onde existam profissionais bem organizados para realizá-lo.”
O presidente da comissão científica, Celso Ardengh, discorreu sobre o apoio e o interesse do presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia (Sobed), Artur Parada, em realizar em Maceió o Congresso Brasileiro de Endoscopia e o curso de demonstração ao vivo. “O curso tem por objetivo compartilhar conhecimento e avaliar as dificuldades comumentes encontradas durante um procedimento endoscópico”, acrescentou. Ardengh agradeceu aos gestores da Santa Casa de Maceió pela infra-estrutura disponibilizada para o evento.
O presidente do capítulo (representação) da Sobed em Alagoas, Venceslau Costa, frisou que a organização do Congresso Brasileiro de Endoscopia teve início há dois anos quando Maceió foi escolhida, por unanimidade, para sediar o megaevento. Ele frisou que pela primeira vez em sua história o encontro iria ocupar seis dias e não quatro. No primeiro dia (domingo) ocorreu o encontro da Organização Mundial de Endoscopia, com a presença do presidente da entidade, o britânico Anthony Exon. Ontem (segunda) foi a vez do curso de demonstração ao vivo. “O curso dá mais trabalho que o congresso inteiro”, comentou Venceslau.
O médico alagoano Márcio Tolentino, pioneiro cirurgião em Alagoas a realizar cirurgia por videoconferência, também foi convidado para acompanhar os trabalhos na Santa Casa de Maceió. Há 12 anos, Tolentino realizou em Arapiraca o primeiro curso de demonstração ao vivo. “É claro que não tínhamos os equipamentos e a tecnologia que temos hoje, mas realizamos ainda assim. Foi muito gratificante”, considerou.
Para os cirurgiões alagoanos, Heberto Toledo e Ricardo Tavares, a transmissão das cirurgias por videoconferência trouxe especialistas de renome nacional e internacional para Alagoas, assim como acesso a equipamentos de ponta na área médica, dentre eles os de empresas como Pentax, Olympus e Fuginon, que patrocinaram o evento. “É um trabalho gratificante, tanto pelo compartilhamento de conhecimento como pelo fato de atendermos pacientes de forma gratuita”, disse Ricardo Tavares. Heberto Toledo resumiu assim: “A Santa Casa está vivendo um momento histórico”, comemorou.
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