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Síndrome do coração partido: amor e estresse matam homens e mulheres

Cardiologista George Franco Toledo

Cardiologista George Franco Toledo

O poeta e jornalista Mario Quintana escreveu certa vez: "é tão bom morrer de amor e continuar vivendo…".

Ao falar de morrer de amor, o mestre das letras Mário Quintana usava metáforas para falar sobre os caminhos e descaminhos do coração, dos amores perdidos ou não correspondidos. Mas, engana-se quem pensa que morrer de amor é apenas uma figura de linguagem.
"Existe uma doença, conhecida como síndrome do coração partido, que afeta principalmente as mulheres na faixa dos 50 a 65 anos cujos sintomas e o risco de morte são os mesmos de um infarto do miocárdio", alerta o cardiologista da Santa Casa de Maceió, George Franco Toledo.
A síndrome ganhou este nome devido à relação entre a doença e o estresse emocional ou físico enfrentado por mulheres e homens de meia idade, notadamente envolvendo situações afetivas, como divórcio, problemas familiares entre outros. Segundo Toledo, cerca de 80% dos casos ocorre entre as mulheres no período na menopausa, mas há registro também em pacientes mais jovens. Outra motivação para o nome é a forma que o coração ganha, dando a impressão de que o órgão partiu fisicamente. A síndrome do coração partido é muito rara. Os primeiros casos foram detectados por pesquisadores japoneses em 1990. Há relatos de casos nos Estados Unidos e no Brasil. Em Alagoas, foi diagnosticado menos de uma dezena de pacientes com a síndrome. O total de casos relatados na literatura médica não passa de 200. Provavelmente, esse número é bem maior já que a síndrome é desconhecida.
As manifestações da doença são as de um infarto do miocárdio. Por meio das alterações das enzimas do sangue pode-se comprovar lesão do músculo cardíaco, exigindo os mesmos cuidados de um ataque cardíaco. O ecocardiograma e a cinecoronariografia selam o diagnóstico, já que as artérias coronárias apresentam-se sempre normais nestes casos, sem obstruções. Quando o atendimento é rápido, os pacientes que superam as primeiras 48 horas sobrevivem e têm recuperação total, sem seqüelas.
"Acredita-se que os sintomas possam surgir pela reação do coração a uma grande liberação de hormônios do estresse, como a adrenalina, fazendo com que uma parte do coração enfraqueça temporariamente ou fique enrijecida (cardiomiopatia), embora o mecanismo exato ainda seja desconhecido", explica George Franco Toledo.
Esses pacientes podem apresentar-se em situação de choque cardiogênico, quando a pressão arterial e o fluxo sanguíneo são insuficientes para manter os orgãos funcionando adequadamente. "É um quadro grave que exige internação em UTI", chama atenção Toledo. A boa nova é que a síndrome é temporária e reversível.
Ainda segundo o especialista, o problema é que em muitos casos os médicos diagnosticam espasmo no coração. Se fossem feitos exames complementares, muitos diagnósticos identificariam a síndrome do coração partido, o que evitaria o receituário desnecessário de medicamentos.

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