Santa Casa de Maceió adota recomendações da OMS na campanha Cirurgia Segura
Estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que cerca de 234 milhões de grandes intervenções cirúrgicas são realizadas por ano em todo mundo. Isso equivale a cerca de uma cirurgia para cada 25 pessoas. O problema que preocupa autoridades da OMS, peritos, especialistas, médicos, gestores hospitalares e profissionais de saúde são as complicações pós-operatórias, que resultam na deficiência ou internação prolongada de 3% a 25% dos pacientes internados.
Pelo percentual mínimo, calcula-se que 7 milhões de pacientes passem por complicações pós-operatórias anualmente, sendo que metade dessas complicações seria evitável se fossem adotados procedimentos simples como perguntar o nome do paciente ao próprio antes da anestesia, o local onde sente dor, entre outros.
A questão torna-se mais preocupante quando observamos as taxas de mortalidade registradas após grandes cirurgias. Dependendo das circunstâncias, entre 0,4% e 10% dos pacientes submetidos a tais procedimentos vêm a óbito. Segundo a OMS, independente do porte da cirurgia, estima-se que pelo menos um milhão de pacientes morrem por ano durante ou após intervenções cirúrgicas.
Na tentativa de contornar o problema, a OMS convidou um grupo de peritos para elaborar um “checklist” com rotinas visando padronizar e melhorar a segurança dos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos. Ao concluir o “checklist”, a entidade lançou a campanha “Cirurgia Segura Salva Vidas”, iniciativa que recebeu a adesão da Santa Casa de Maceió e de importantes hospitais por todo o mundo.
“O ‘checklist’ da OMS abrange apenas o trans-operatório. Nós, da Santa Casa Maceió, fomos um pouco mais além, pois estamos aprimorando e implantando novas rotinas no pré e no pós-operatório, garantindo a segurança do paciente nas três etapas do processo”, disse a médica Tereza Tenório, gerente de Risco e Assistência Hospitalar (Gerah).
REDUÇÃO DA MORTALIDADE
Conforme relatou o enfermeiro Jorge Eduardo Acioly, responsável pelo grupo de trabalho que está elaborando o checklist da Santa Casa de Maceió, os primeiros resultados obtidos pela OMS dão conta de houve uma queda de 36% nas complicações cirúrgicas em hospitais que adotaram o checklist.
A pesquisa do médico Atul Gawande, que estudou 4 mil pacientes em hospitais de oito países, revelou que a adoção do checklist levou também a uma redução de 47% da mortalidade, 50% das infecções e 25% das reoperações. O trabalho foi publicado na conceituada revista “New England Journal of Medicine”.
O checklist do transoperatório é composto por 19 itens que são observados antes da indução anestésica do paciente, no seu ingresso dentro do bloco cirúrgico e logo após concluído o procedimento. Ao paciente são realizadas perguntas aparentemente óbvias, mas que impedem erros grosseiros como cirurgia no membro ou no paciente errado. Preenchendo um formulário, o responsável pelo checklist pergunta o nome do paciente, idade, o tipo de doença, o local onde sente dores, entre outros questionamentos.
Já no campo cirúrgico, é realizada de viva voz a chamada dos profissionais previstos para estarem presentes na cirurgia. Também são checados se estão disponíveis os instrumentos e equipamentos necessários ao ato cirúrgico, se os materiais descartáveis estão na quantidade certa e se foram cumpridas as exigências do pré-operatório.
Por fim, concluído o procedimento, é realizada a contagem de materiais como gases e instrumentos cirúrgicos para prevenir que algum insumo tenha sido esquecido no paciente. “Se algum item faltar, seja instrumental, material ou pessoal, o responsável pelo checklist deve avaliar se é possível contornar o problema ou se a intervenção deve ser cancelada”, esclareceu Jorge Eduardo Acioly.
“Elaboramos um fluxo de atendimento que, na verdade, é um passo a passo com a rotina que deve ser seguida por todos profissionais que lidam com os pacientes”, concluiu Acioly.
DEPILAÇÃO
Um dos principais riscos de infecção em pacientes que se submetem a intervenção cirúrgica não está no hospital, mas em casa, e atende pelo nome de lâmina de barbear. Por pudor ou falta de informação, alguns pacientes preferem fazer a depilação em casa antes de internar-se no hospital.
“O paciente pode aparar os pelos na região onde será realizada o ato cirúrgico, mas não deve raspar, não deve encostar a lâmina na pele, evitando microcortes por onde bactérias oportunistas podem entrar e provocar infecção da ferida operatória. Isso pode ser fator de graves complicações como sepse e até morte”, orientou Jorge Acioly, coordenador do Serviço de Enfermagem da Santa Casa de Maceió.
Conhecido pelo nome técnico de tricotomia, a raspagem dos pelos antes da cirurgia deve ser evitada ao máximo. Caso seja necessário, deve ser realizada no máximo uma hora de antes do procedimento. Na remoção deve-se usar aparelho elétrico de barbear e a assepsia necessária. “São cuidados que fazem a diferença na segurança ao paciente”, finalizou Jorge Acioly.
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