Café: amigo ou inimigo?
Os pesquisadores já puseram diversas vezes o café (e sua principal substância ativa, a cafeína) no banco dos réus. Igualmente, a bebida já foi condenada e inocentada inúmeras outras vezes. A verdade é que não há uma resposta única à pergunta estampada na manchete. A cafeína pode trazer tanto benefícios como malefícios.
"O impacto no organismo vai depender da tolerância individual de cada um à cafeína e da freqüência e da quantidade de bebida ingerida diariamente", alertou o neurocirurgião da Santa Casa de Maceió, Fabiano Soares de Alcântara.
Antes de detalhar os prós e os contras do café, é importante saber que a cafeína está presente também em refrigerantes e bebidas à base de cola, nos chás, chocolates, energéticos e alguns comprimidos para dores de cabeça. O recado a seguir, portanto, vai para quem ingere mais de 3 a 4 xícaras diárias de café.
Enquadra-se nesse grupo quem aguarda ansiosamente a hora do cafezinho no ambiente de trabalho; quem usa a bebida em casa para amenizar algum sintoma e quem descobriu no chá (com cafeína) uma alternativa para perder peso. Inclua-se também os chocólatras de plantão e quem bebe todos os dias aquele copaço estupidamente gelado de refrigerante de cola.
"A cafeína é absorvida rapidamente pelo organismo e chega ao cérebro cerca de 20 minutos após a ingestão, onde age aumentando a concentração do neurotransmissor dopamina, causando sensação de bem estar", explicou Fabiano Soares.
Benefício
O principal benefício do café e da cafeína é que se trata de uma droga estimulante legal. Ela melhora a atenção e o desempenho mental do trabalhador, estudante ou da dona de casa, por exemplo; reduz os sintomas da enxaqueca; exerce efeito na prevenção de doenças como depressão; deixa o indivíduo em estado de alerta; reduz o efeito do sono após uma noite mal dormida e atua como estimulante natural junto a atletas.
O outro lado da moeda é que o excesso da bebida no organismo ou a baixa tolerância à cafeína pode levar o indivíduo a apresentar irritabilidade, insônia, tremores, ansiedade e até mesmo taquicardia.
O problema maior é que o vício cobra seu preço quando o indivíduo decide largar a bebida repentinamente. Quando a crise de abstinência se instala, a pessoa passar a sentir sintomas como cefaléia, irritabilidade, fadiga, insônia e redução na concentração.
É o caso de Sílvio Romero, há 20 anos atuando como fotógrafo no eixo Alagoas-São Paulo. "Sem café surgem os primeiros sinais de dor de cabeça, irritabilidade e sonolência, facilmente resolvidos com uma xícara de café", diz Sílvio Romero, que chega ingerir mais de um litro da bebida por dia.
"Há dias em que apenas tomo um cafezinho e saio sem me alimentar. O resultado é azia e o azedume típico da regurgitação", acrescentou Sílvio Romero, que adquiriu o hábito de tomar café ainda criança, quando morou em São Paulo.
As bebidas ricas em cafeína aumentam à acidez no estômago. Havendo predisposição para doenças gástricas, o indivíduo passa a ser candidato a uma dessas patologias caso insista no cafezinho. Considerando que o organismo leva de 4 a 6 horas para absorver (metabolizar) metade da cafeína ingerida, recomenda-se para quem tem insônia não ingerir a bebida antes de ir para cama.
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