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Alagoas tem nova técnica para tratar aneurismas complexos da aorta

Das enfermidades da cirurgia vascular, a de mais elevado índice de mortalidade são as rupturas de aorta, a maior e mais importante artéria de todo o sistema circulatório. É dela que derivam todas as outras artérias do organismo, com exceção da pulmonar, e por onde passam, por minuto, 4-6 litros de sangue. Em menos de 2 minutos, todo o sangue do corpo já circulou por ela. Evitar o rompimento desta importante artéria é um dos desafios da equipe do departamento de Aorta do Serviço Avançado de Doenças Vasculares (SAVE) da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, que, pela primeira vez em Alagoas, implantou endoâncoras (parafusos) para a colocação de endopróteses, o que restaurou a circulação sanguínea normal no paciente.

Parte da equipe do departamento de Aorta: cirurgia teve duração de quatro horas

Minimamente invasiva, a colocação das endoâncoras aconteceu no início de agosto, em um paciente de 78 anos, hipertenso, infartado e com covid-19. Com um aneurisma torácico rompido, ele deu entrada em outro hospital, mas, devido à gravidade do caso, foi transferido para a Santa Casa de Maceió, onde foi operado. Perto de receber alta, seu quadro se agravou devido ao novo coronavírus. Mas, além da rotura do aneurisma torácico, os médicos identificaram que mais dois aneurismas abdominais ameaçavam romper, e o paciente precisou ser operado, desta vez, utilizando a nova técnica por se adequar a situação de urgência do caso.

“Parafusos” foram usados para a colocação da endosprótese na artéria do paciente de 78 anos

Para o procedimento, o cirurgião precisa de 15 milímetros de espaço entre a aorta e o aneurisma. No caso do paciente, havia apenas 4 milímetros de distância, o que faria a prótese desabar e o aneurisma romper. Para isso, a equipe decidiu implantar as endoâncoras para ganhar espaço e fixar a prótese. Neste que foi o primeiro caso realizado no estado, o paciente reagiu bem e recebeu alta após um dia na UTI e três dias internados no quarto.

“O resultado desta cirurgia coroa o departamento de Aorta do hospital. Um departamento que amadureceu nos últimos três anos. Passamos de dois ou três aneurismas operados por ano, para, recentemente, completarmos 53 aneurismas com o registro de apenas um óbito, um paciente roto que faleceu no início do tratamento. Para alcançar estes números, uma andorinha só, nesse tipo de cirurgia, não faz verão. São procedimentos complexos que envolvem vários profissionais, entre intensivistas, fisioterapeutas, cardiologistas, anestesias, radiologistas, cirurgiões vasculares, quatro assistentes, ou seja, muita gente trabalhando para que um paciente tão grave saia bem. Hoje, registramos uma mortalidade semelhante aos melhores hospitais do Brasil. Nesse meio tempo, poucos centros no País estão realizando este procedimento”, ressaltou Bruno Freitas.

Cirurgião endovascular Bruno Freitas

Quando a cirurgia é realizada assim que algum problema é detectado, ou seja, antes da aorta romper, a mortalidade cai de 95% para perto dos 6%. “Pessoas com histórico de aneurisma na família, idosos e fumantes fazem parte do grupo de maior risco de ruptura de aorta. A saúde da artéria deve ser investigada anualmente por meio de exames (checkups). A doença, quando tem indicação, precisa ser operada. Quando ela não rompe, temos a possibilidade de tratá-la com mais adequação”, alertou o especialista.

RETOMADA – Para o atendimento dos pacientes durante o auge da pandemia, um novo fluxo de circulação foi feito por uma equipe multiprofissional (farmácia, enfermagem, CCIH, engenharia, entre outros setores) da instituição. Após levantamento de todos os procedimentos por especialidade da fonte pagadora SUS e que foram suspensos, em 15 de julho, a instituição voltou com a regularização dos relaxantes (medicação anestésica que é utilizada por pacientes de Covid-19) e com as cirurgias de urgência em pacientes que precisavam operar, pois tinham o risco de uma complicação maior e já aguardavam há quatro meses por cirurgia. Em agosto, as atividades cirúrgicas eletivas foram retomadas.

Para a segurança das cirurgias, o paciente precisa ficar em quarentena e, caso seja necessário, realizar o teste do novo coronavírus. O hospital também dispõe de um checklist no pré-operatório que é aplicado durante a marcação cirúrgica. Nele, o paciente é perguntado se ele ou alguém da família teve algum sintoma de covid-19. Ao dar entrada no hospital, a enfermagem segue gerenciamento de risco. O paciente é acompanhado até o 14º dia após a cirurgia.

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