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Pesquisa: fumaça do tabaco mata até quem não fuma

Pelo menos 2.655 indivíduos não-fumantes, expostos involuntariamente à fumaça do tabaco, morrem a cada ano no Brasil, ou seja, sete pessoas a cada dia vão a óbito sem colocarem um cigarro na boca. A maioria das mortes ocorre entre mulheres (60,3%), já que há mais fumantes do sexo masculino. O dado integra a pesquisa “Mortalidade atribuível ao tabagismo passivo na população brasileira” do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
A pesquisa, inédita no país e uma das primeiras no mundo, faz parte das ações comemorativas do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado nesta sexta-feira (29), que este ano tem como tema "Ambientes 100% Livres de Fumo: um direito de todos". Realizado por pesquisadores do INCA e do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ, o estudo comprova o perigo dos chamados fumantes passivos.
A quantidade de vítimas, porém, pode ser ainda maior. “Como a pesquisa foi feita somente em ambientes domésticos de aglomerados urbanos, se ela fosse estendida aos ambientes de trabalho, o número de mortes seria certamente mais expressivo”, alertou o diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini.
Foram consideradas no estudo, para a obtenção do número e proporção de óbitos, apenas as três principais doenças relacionadas ao tabagismo passivo: câncer de pulmão, doenças isquêmicas do coração (como infarto) e acidentes vasculares cerebrais. Definiu-se como fumantes passivos as pessoas que nunca fumaram e que moravam com pelo menos um fumante no mesmo domicílio.
A escolha de indivíduos na faixa etária de 35 anos ou mais para desenvolvimento da pesquisa foi justificada pela técnica e pesquisadora do INCA, Valeska Figueiredo: “Os agravos que nós estudamos dependem de uma exposição cumulativa do indivíduo à fumaça do tabaco para se desenvolverem e ocorrem, portanto, em pessoas nessa idade.” A faixa etária que registrou maior ocorrência de óbitos, tanto em homens quanto em mulheres, foi de 65 anos ou mais. Não fizeram parte da população avaliada fumantes e ex-fumantes. Leia mais
Para Santini, o principal objetivo da pesquisa é transmitir para a população evidências científicas que permitam abolir totalmente o fumo em ambientes fechados. “A lei hoje existente admite ainda a possibilidade de ambientes específicos para fumantes. Com este estudo, fica comprovado que a segregação de ambientes não tem significado”, esclareceu o diretor-geral.
O estudo divulgado pelo INCA servirá para acelerar a implementação da Convenção-Quadro, ratificada no Congresso em 2005, e que estabelece a adoção de uma série de medidas para o controle do tabagismo no país. “Para que este tratado seja implementado, é necessário gerar evidências científicas e produzir conhecimento para comprovar afirmações e sustentar nossas ações”, afirmou Santini.

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