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Alagoanos relatam o drama da falta de órgãos para transplante

Os profissionais de saúde vêm pedindo há anos, a mídia tenta mobilizar a população e as peças publicitárias do governo batem sempre na mesma tecla, tudo na tentativa de sensibilizar a sociedade para a importância de duas atitudes que podem salvar muitas vidas.
A primeira atitude é simples: que, ainda em vida, cada pessoa autorize e comunique à família o desejo de doar seus órgãos após a morte. A segunda, mais difícil, porém, tão importante quanto a primeira, é que cada família autorize o transplante. Pela legislação atual, mesmo com o consentimento do doador o médico só pode realizar o transplante com a aprovação da família.
Nesta Semana do Doador de Órgãos, que se encerrará no próximo sábado (27), dois relatos pessoais – de alagoanas que viveram o drama do transplante de órgãos – reforçaram este empenho de médicos, jornalistas e governos. As histórias de Roseli e Simone mostram, sobretudo, que a falta de um doador ou de uma autorização da família pode ser a sentença de vida ou de morte para outras pessoas.
Integrando a extensa programação da Central Estadual de Transplantes, o encontro realizado na Santa Casa de Maceió teve como destaque o relato comovente de Roseli Omena Barbosa, que falou sobre os últimos dias de seu esposo, falecido há exato um ano enquanto esperava um transplante de coração.
“Vocês não avaliam o que é passar dias esperando um telefonema da Central de Transplante, aguardando um órgão que não vem. E o que falar para o marido, companheiro, cúmplice, o pai e avô presente; o amigo que era amigo dos amigos e que, em silêncio, foi internado na UTI Coronariana? E se o órgão não chegar? Para meu esposo, infelizmente, ali se confirmaria a sentença de morte pela falta de um doador. Nunca mais o vi com vida”, relembrou Simone, fazendo um pedido à sociedade para que divulgue e apóie o transplante de órgãos.
Outra voluntária a compartilhar sua experiência foi Simone Sampaio, mãe do jovem Israel Sampaio, assassinado na frente de uma danceteria no ano passado. Mesmo sem saber se o filho aprovaria o gesto, Simone autorizou o transplante dos dois rins, do coração e das córneas, que de uma só vez retirou cinco pessoas da lista de espera da Central Estadual de Transplantes. A dúvida de Simone se, de fato, o filho aprovaria sua decisão, veio tempos depois: ela descobriu uma poesia entre os pertences de Israel onde ele deixava claro seu desejo em ser doador.
Um dos rins e o coração foram transplantados na própria Santa Casa de Maceió para os pacientes Laerson Carneiro e Fernando Almeida. O segundo rim e as córneas foram enviados para outros hospitais. Segundo as assistentes sociais Luciana Bento, da Nefrologia, e Ana Cláudia, da Cardiologia, ambos relatos foram tão impactantes que a organização da Semana do Doador de Órgãos convidou as duas voluntárias para participarem dos demais encontros previstos na programação.
O evento na Santa Casa contou com o apoio das coordenadoras do Serviço Social, Clara Soares, e do Serviço de Psicologia, Rosa Carla Mendonça, e das assistentes sociais e psicólogas da instituição. Também contribuíram com palestras os médicos Sandra Azevedo, Antonio De Biase, José Wanderley Neto e Arnon Campos. O transplantado Francisco de Lima falou sobre como ganhou um coração e vida novos aos 19 anos.
O mesmo encontro realizado na Santa Casa de Maceió foi promovido na Unidade de Emergência, no Hemoal e nos hospitais Ortopédico, do Açúcar, Sanatório e Universitário, além das entidades Arcal (pacientes renais), Apala (leucêmicos), CDR Palmeira dos Índios e Faculdade Integrada Tiradentes.

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