Mães são orientadas sobre benefícios do aleitamento materno
Como forma de reverter os altos índices de desmame precoce em Alagoas, pediatras do Hospital Nossa Senhora da Guia desenvolvem um trabalho sistemático de orientação de parturientes sobre a importância do aleitamento materno exclusivo até os 6 primeiros meses de vida e até os dois anos como complemento alimentar.
Segundo as coordenadoras de Pediatria da unidade, Délia Herrmann e Dilma Carvalho, a falta de orientação durante o pré-natal e mesmo após o parto é uma das principais causas da manutenção de tabus acerca da amamentação e da interrupção precoce do aleitamento materno. “Para se ter uma ideia, muitas mães alegam que a criança rejeita o peito, o que não é verdade. A criança já nasce com o reflexo natural da sucção, o que falta é ensinar a mãe a estimulá-la", diz Delia Herrmann.
Rico em proteínas, calorias e vitaminas, o alimento, por seu alto valor nutricional, é essencial para o desenvolvimento saudável da criança e possui uma ação imunológica natural que a protege de doenças como diarreias, infecções respiratórias, problemas alérgicos e até doenças cardiovasculares no adulto. Também é elemento essencial para a redução da mortalidade e morbidade infantil, além de ser um contraceptivo natural da mulher e ajudar na diminuição de casos de câncer uterino. O ato também ajuda no processo de retorno do útero ao tamanho natural após o parto e serve para estreitar os vínculos de afeto e proteção entre mãe e filho.
Délia Herrmann explica que são raros os casos onde a amamentação não é recomendada, a exemplo de mães com Aids, devido ao risco de transmissão do vírus HIV através do aleitamento. “Na maioria dos casos, o uso de medicamentos não interfere na amamentação, mas a orientação médica é fundamental nesses casos”, adverte. Mesmo as mães com problemas de desnutrição podem amamentar seus bebês sem problema, pois elas continuam produzindo o leite normalmente.
Estudos realizados em 2003 atestam que, no Brasil, a prevalência da amamentação exclusiva até os quatro meses está em torno de 68%, enquanto que em Alagoas é de 60%, índices considerados baixos. Segundo a pediatra, o aumento dos índices de desmame precoce é motivado por vários fatores, mas ocorre em todas as classes socioeconômicas. Nas famílias de baixa renda a questão social é a que mais interfere na continuidade do aleitamento materno. As mães que trabalham fora, em alguns casos, são obrigadas a interromper a amamentação para voltar às suas atividades mais cedo. Nas classes sociais mais altas a questão estética também está envolvida.
Délia Herrmann evidencia que os tabus são fatores críticos que interferem no aleitamento. “Há um equívoco das mães em acharem que a amamentação deixa a mama flácida, o que também não é verdade. As principais modificações da mama ocorrem durante o transcorrer da gestação e não durante a amamentação”, esclarece a pediatra, ao destacar que a orientação de um especialista é fundamental para acabar com esses equívocos. Ela acrescenta que o tamanho da mama não interfere na quantidade do leite produzido. Além disso, problemas como fissuras, mastites (inflamações e infecções) e dor ao amamentar podem ser evitados com a orientação do profissional durante o pré-natal e no pós-natal.
Após a queda dos índices de amamentação verificada entre o fim do século IX e início do século XX, motivada principalmente pela evolução da produção industrial de alimento das fórmulas lácteas, as campanhas de incentivo à amamentação estão sendo retomadas no país, mas precisam ser fortalecidas.
Diante desta realidade, a intenção da Coordenação de Pediatria do Hospital Nossa Senhora da Guia é intensificar o serviço de orientação durante o pré-natal e pós-natal sobre a forma correta de amamentação, visando estimular o gesto entre as mães e reduzir os índices de desmame precoce. Também há a pretensão de se criar um banco de leite para atender às parturientes que chegam à unidade.
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