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Convívio com fumante aumenta risco de doenças provocadas pelo cigarro

Pediatra Milton Hênio

Pediatra Milton Hênio

Até os anos 1990 o convívio entre fumantes e não-fumantes em ambientes públicos era algo comum, tolerado por ambas as partes e pela lei. A partir de 1996, com publicação de uma lei federal criando espaços 100% livres do tabaco, essa realidade começou vagarosamente a mudar.
Hoje, pesquisadores e gestores públicos já sabem que a queima do tabaco não prejudica apenas os fumantes. Os não-fumantes, incluindo-se aí cônjuges, filhos, parentes, colegas de trabalho e profissionais que lidam diretamente com fumantes, também sofrem com o fumo passivo.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o fumo passivo mata mais de 2.600 brasileiros por ano a um custo para o Sistema Único de Saúde (SUS) de R$ 19,15 milhões anuais em tratamentos de doenças oriundas do tabagismo.
O próprio Inca define o tabagismo passivo como "a inalação da fumaça de derivados do tabaco (cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo e outros produtores de fumaça) por indivíduos não-fumantes que convivem com fumantes em ambientes fechados".
O problema do fumo passivo é a queima do tabaco. O ar poluído no ambiente contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até cinqüenta vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro. Ou seja, o não-fumante acaba se prejudicando tanto quanto o próprio dono do cigarro ou até mais já que fuma sem querer e sem o filtro do cigarro.
Mas, se os fumantes passivos adultos sofrem com os efeitos do cigarro, as crianças sofrem mais ainda quando são expostas à fumaça do tabaco em casa, alerta o pediatra Milton Hênio de Gouveia Netto.
"É um absurdo os pais ou parentes fumarem no ambiente onde a criança dorme. Se for alérgica, seu sofrimento será insuportável, pois ela estará sempre tossindo, cheia de catarro e "chiando" no peito", acrescenta Milton Hênio, explicando que "as mães que fumam devem pensar no amor aos filhos durante a gravidez e jamais fumar nesse período, pois estão arriscadas a abortar ou concorrer para o nascimento de uma criança prematura".
Bebês e crianças expostas à fumaça podem desenvolver doença cardiovascular na fase adulta, além de terem mais chances de contrair infecções respiratórias e asma brônquica. Já os filhos de grávidas que fumam durante a gestação apresentam o dobro de chances de nascer com baixo peso, 70% de chances de sofrer aborto espontâneo e 30% de morrer ao nascer.
Outro problema são as mães que não largam o tabagismo mesmo durante o aleitamento materno. O problema é que a nicotina – uma das 4.700 substâncias tóxicas do tabaco – acaba sendo transferida para o bebê por meio do leite materno. A substância produz intoxicação, podendo ocasionar agitação, vômitos, diarréia e taquicardia, principalmente em mães fumantes de 20 ou mais cigarros por dia.

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