Discurso da professora Ivone dos Santos marca evento da Irmandade da Santa Casa de Maceió
A solenidade de posse dos 50 novos irmãos da Irmandade da Santa Casa de Maceió foi marcada pela emoção. Um desses momentos foi o discurso de saudação da professora Ivone dos Santos, que tocou o sentimento de todos os presentes ao falar das qualidades do cristão, entre elas a bondade; do momento histórico vivido pelo Brasil atualmente; e da missão de cada irmão junto à Irmandade.
“Ninguém está aqui para receber nada, nem um centavo, nem um favor, nem um privilégio. Estamos aqui para ajudar na nobre missão da Santa Casa, que é a da solidariedade que deve existir entre os homens, e isso exige sacrifício, coragem e consciência, ou, simplesmente, bondade, – a bondade que aprofunda as raízes indestrutíveis nas dimensões da ternura humana”, disse a irmã Ivone Santos (confira abaixo a íntegra do discurso).
Falando em nome dos novos irmãos, o magistrado José Carlos Malta agradeceu a indicação, enfatizando o compromisso de cada um nesta nova missão.
À tarde, a Irmandade, diretores, gerentes, médicos e colaboradores participam de uma Missa em Ação de Graças na Capela da Santa Casa de Maceió.
Confira, na íntegra, o discurso da professora Ivone dos Santos:
"Senhor provedor, colegas da Irmandade, senhoras, senhores.
Em geral, os oradores se emocionam ao terminar seus discursos, mas desta vez é o contrário, eu já começo emocionada. Agradecida e preocupada em atender eficientemente o honroso convite do doutor Humberto Gomes de Melo para saudar os novos membros que passam a integrar a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Sei que ele quis homenagear a mulher alagoana – em especial as treze que ingressam agora em nossa instituição – ao me escolher para esta tarefa. E sei também que nessa escolha há a influência de sua companheira, musa e grande incentivadora, a querida amiga Rosinete.
Sinto-me extremamente comovida pela deferência de dar as boas-vindas, em nome dos demais companheiros, aos novos colegas, pois considero este um momento importante, inspirador na vida da nossa Santa Casa. Com os novos membros, novas ideias, novas energias, novas fontes de inspiração são acionadas, especialmente quando irradiam valores de retidão, cidadania, solidariedade, sucesso profissional. Valores de integridade e humanidade sintetizados na história de vida de cada um dos senhores – da letra A, de André de Mendonça Costa à letra S de Sérgio Rocha Cavalcanti Jucá e ressaltar, principalmente as 13 novas irmãs que chegam.
Ninguém está aqui por acaso, por proteção, por compadrio, nem para receber privilégios. Todos foram escolhidos criteriosamente, analisados por sua trajetória, suas ações e pelo papel que desempenham na sociedade alagoana. Estamos aqui porque sabemos que temos que ajudar o provedor e a Mesa Diretora em suas atividades solidárias e fraternas que podem ser expressas no mandamento – ajuda teu irmão! Colabora para diminuir a dores e a angústia do teu semelhante!
O que fazemos reunidos aqui? Por que pertencemos a esta instituição sesquicentenária? Estamos aqui porque sabemos do papel da Santa Casa, da sua missão e das suas obrigações perante Deus e perante os homens. Sabemos das nossas potencialidades e das nossas dificuldades – atribuladas por abalos sociais e morais que desrespeitam a consciência do mundo e, principalmente, do nosso país.
Ninguém está aqui para receber nada, nem um centavo, nem um favor, nem um privilégio. Estamos aqui para ajudar na nobre missão da Santa Casa, que é a da solidariedade que deve existir entre os homens, e isso exige sacrifício, coragem e consciência, ou, simplesmente, bondade, – a bondade que aprofunda as raízes indestrutíveis nas dimensões da ternura humana.
Vocês, caros irmãos, chegam em um momento muito especial, em que o Brasil recebe o papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, quando ele prega solidariedade, fraternidade e ajuda aos mais necessitados. No momento em que o país debate a formação dos seus futuros médicos e vê pacientes e parturientes aguardando socorro em corredores inapropriados ou até mesmo sem assistência nenhuma, em lugares remotos. Por isso, vida longa ao Nossa Senhora da Guia!
A esta instituição, quando fundada, cabia “amparar os meninos expostos , praticar a caridade e fazer obras pias” e recebeu, desde o início, a chancela e o apoio da Igreja Católica. Quando esta Santa Casa se constituiu, no final do século 19, não havia jardins nem canteiros, mas, desde o início, sempre houve flores, as flores humanas representadas por irmãos e médicos abnegados, que, com sua solidariedade e suas mãos mágicas, procuraram e procuram fazer, com o mínimo, o máximo. Fazer dos óbices o sucesso, como fazem aqui o provedor e a Mesa Diretora, enfrentando e superando as dificuldades e levando sempre o nosso barco ao porto seguro dos nossos ideais.
Irmãos, precisamos dar as mãos e contribuir para que nossa instituição supere, sempre, suas metas. Uma ideia, uma sugestão, uma crítica, uma observação pertinente – a participação sempre. Há um sentimento que paira sobre todos os demais, talvez até maior que o amor – a bondade. O filósofo francês Lacordaire já dizia que não é pelo gênio, pelo poder nem pela glória que se mede a dimensão da alma – é pela bondade.
O tempo passou. Os costumes mudaram, mas o lema da instituição permanece – praticar a caridade. Estamos todos aqui pela bondade que abrigamos em nossos corações. Nossa Santa Casa nasceu da bondade, vive da bondade e pela bondade se eternizará.
Vivamos, portanto, da bondade que inspira esta casa e do ideal que é a fonte e a força de todo o bem da vida.
Eu os saúdo, caros irmãos que chegam, na figura do meu companheiro, Douglas, que acaba de saltar uma fogueira, e agradeço a todos que formaram um cordão positivo por sua recuperação.
Sejam todos bem-vindos!"
Deixe uma resposta