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Paciente covid tem alta após 32 dias de tratamento com ECMO

Foi uma batalha de 76 dias com muitos altos e baixos na vida de José Rocha Correia. Com sintomas fortes da covid-19, precisou de atendimento hospitalar sete dias após testar positivo para a doença, sendo transferido do quarto para a UTI quase que em um piscar de olhos. Ao longo da internação,  mesmo com o emprego das mais modernas medidas para atender os casos mais graves, a doença avançou. Nascido e criado na cidade de Pilar, o comerciante de 38 anos e sem comorbidades conhecidas precisou ser intubado e depois utilizar a ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), novo tratamento disponível na Santa Casa de Maceió, por 32 dias. A alta hospitalar aconteceu dia 16 de agosto.

Emoção e alegria: José Rocha Correia no dia da alta

“Agradeço todos os médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, e fisioterapeutas pela minha alta. Nunca imaginei que teria covid-19 dessa forma tão grave. Agora vou poder tomar a vacina e me recuperar em casa. Minha esposa foi uma guerreira que todos os dias esteve ao meu lado, rezando, mesmo eu desacordado. Ela não desistiu nem um segundo”, disse Rocha, que na primeira tomografia apresentava 50% dos pulmões comprometidos.

Quando deu entrada no hospital, o paciente ficou um dia na observação e logo foi transferido para uma UTI provisória onde usou a máscara de Hudson, e depois a VNI (destinada a pacientes que não conseguiram apresentar melhoras com o uso do respirador padrão). “Apesar das tentativas, ele ainda não conseguia respirar sozinho e precisou ser intubado. Confesso, que, para nós, intubar era o mesmo que não voltar mais. Quatro ou cinco dias depois, fomos informados que ele era um paciente que precisava usar a ECMO, algo que só ouvimos falar por causa do ator Paulo Gustavo”, contou Fernanda Rocha, esposa do paciente.

Parte do time de ECMO da Santa Casa de Maceió

ECMO (Oxigenação Extracorpórea por Membrana) é um dos mais recentes investimentos da Santa Casa de Maceió. Constitui um dos recursos mais avançados no manejo de pacientes com hipoxemia grave e refratária.  Formada por dois cirurgiões cardíacos, um cardiologista e um intensivista, a equipe do hospital foi capacitada para operar o dispositivo que oferece suporte circulatório e pulmonar.

“Nos casos de covid-19, ele é usado para substituir o pulmão ao realizar a função de oxigenação e eliminação de CO2. É uma terapia de suporte que visa estabelecer uma ponte, seja até a melhora do quadro ou o transplante, por exemplo. Com a aquisição do dispositivo, a Santa Casa de Maceió agora tem uma UTI direcionada para o tratamento com ECMO e que pode atender pacientes sem covid, mas que necessitam de suporte na função pulmonar ou na função cardiopulmonar”, explicou o coordenador do Serviço de Cardiologia da Santa Casa de Maceió, Eolo Alencar.

Aparelho de ECMO

Com intercorrências ao longo do tratamento de oxigenação por membrana extracorpórea, o paciente chegou a ter 100% dos pulmões comprometidos e necessitou de transfusões de sangue e traqueostomia. “Minha casa virou templo de oração. Rezávamos dia e noite, tanto para a recuperação de Rocha, como para a proteção da equipe médica. Com o ECMO, meu marido começou a apresentar melhoras e a previsão era de que recebesse alta, mas que ficasse com a traqueostomia. Mas Deus quando faz um milagre, faz completo, e Rocha foi para casa sem traqueostomia. Não tenho palavras para agradecer a todos do hospital. Do médico ao vigilante, que sempre me via entrar chorando e hoje me disse que estava sorrindo com os olhos”, disse Fernanda Rocha.

Para a intensivista Viviane Omena, diante desse cenário catastrófico que se arrasta por mais de um ano, a vitória de José Rocha representa um sopro de esperança no coração de toda a equipe envolvida em sua recuperação. “Estamos extremamente felizes em garantir seu retorno ao lar com excelente qualidade de vida. Agradeço a toda equipe multidisciplinar envolvida e a Santa Casa de Misericórdia por todo o apoio. Parabéns equipe! Parabéns ao Sr. Rocha e seus familiares pela perseverança na busca incessante do viver. Obrigada pela confiança. Que Deus continue a nos guiar e iluminar!”, comemorou a médica.

A equipe da UTI Cirúrgica é composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, fonoaudiólogos, psicólogas, assistentes sociais, laboratório, pessoal da higienização e burocratas, que foram guerreiros e obstinados no cuidar. No tratamento dos pacientes covid, o grupo de intensivistas também contou com o auxílio de outras especialidades médicas, em especial, no caso de José Rocha, da equipe de Cirurgia Torácica.

“Para os intensivistas, a pandemia foi um trabalho de superação a cada dia. Tínhamos receio de nosso bem estar, assim como toda população, mas seguimos empenhadas em fortalecer os grupos liderados por mim, Claudia Falcão, Erigleide Bezerra, Sandra Bastos e Katia Arruda. A direção do hospital, nas pessoas do provedor, Dr. Humberto Gomes de Melo, do diretor médico do hospital, Artur Gomes Neto, da gerente de Riscos e Práticas Assistenciais, a médica Tereza Tenório, e do gerente de infraestrutura, Carlos André de Mendonça de Melo, superintendente de Infraestrutura do hospital, que nos apoiou nessa jornada, garantindo toda o suporte para a instalação do serviço de ECMO – supervisionado pela Cirurgia Cardiovascular e formada pelos especialistas Eolo Ribeiro, Gláucio Mauren, Alexandre Omena e perfusionistas – objetivando a realização de um sonho até então”, disse Viviane Omena.

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