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Mutirão reconstrói mamas em Alagoas

Cirurgião plástico Luiz Alberto

Cirurgião plástico Luiz Alberto

O câncer de mama é a neoplasia de maior incidência em mulheres. Se identificado tardiamente, seu tratamento cirúrgico acaba resultando, com freqüência, em mutilação, ou seja, na retirada da mama. É justamente nesse ponto que reside o drama feminino.

"Para as mulheres, as mamas são símbolo da sensualidade feminina. Quando é preciso retirar a mama, a mulher passa a se sentir incompleta, mutilada, com vergonha do próprio corpo", diz o cirurgião plástico da Santa Casa de Maceió, Luiz Alberto.

Foi o caso da servidora pública estadual A.N.L., de 49 anos, que relata ter entrado em depressão após as mastectomia. "A cirurgia retirou mais do que o meu seio", disse A.N.L., que pediu para não ser identificada. Ela afirma que até ter condições de fazer a reconstituição mamária deixou de freqüentar praias, piscinas e até o seu estilo de vestir-se mudou.

Com porte de modelo e não aparentando seus 49 anos, A.N.L. lembra que deixou a vida noturna e viu sua sexualidade reduzida a zero. "Se eu não gostava de meu próprio corpo, como poderia mostrá-lo a outra pessoa", diz, resgatando a realidade porque passa dez em cada dez mulheres mastectomizadas. "Hoje, após ter meus seios de volta, voltei a ser mulher por completo. Sinto-me feliz", finalizou.

No caso de A.N.L., sua condição financeira permitiu realizar a cirurgia de reconstituição de mama. O problema é que nem todo mundo têm condições financeiras para realizar a intervenção cirúrgica. Para se ter uma ideia, só com despesas hospitalares, o gasto médio gira entre R$ 3 mil a R$ 4 mil, sem falar nos honorários médicos, próteses etc.

Justamente visando esse público, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica lançou a iniciativa Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária, realizada em 19 estados brasileiros. Em Alagoas, a parceria contou com o apoio da Santa Casa de Maceió sob a coordenação do cirurgião plástico Luiz Alberto e participação dos cirurgiões Pedro Gomes, André de Mendonça e Gustavo Quitella. Em Alagoas, a SBCP conseguiu o envolvimento de instituições como o Hospital do Açúcar e Sanatório, assim como de suas respectivas equipes médicas.

"Nós temos ciência do quanto a mastectomia afeta o lado emocional das pacientes. Por isso mesmo, sabemos o que significa este trabalho voluntário para as mulheres beneficiadas", resumiu Luiz Alberto. O mutirão nacional contabilizou 551 cirurgias, com Alagoas contribuindo com 16 intervenções, ficando à frente de estados como Rio Grande do Sul (11) e Sergipe (7).

Números

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) não tem dados sobre o número de mastectomias realizadas no Brasil – nem terapêuticas nem preventivas, mas segundo o site da instituição, o país segue a tendência crescente observada em países como os EUA, onde procedimentos profiláticos passaram de 5,6% para 14,1% no período entre 1995 e 2005. A prevalência do câncer de mama pode dar pistas sobre a dimensão do problema no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, o Distrito Federal registrou uma taxa estimada em 2010 de 50,17 casos para cada 100 mil mulheres. Já Alagoas está na faixa dos 18 aos 31 casos por cada 100 mil mulheres.

No Brasil, a despeito do empenho dos programas de prevenção, ainda existe grande parte das mulheres portadoras de câncer de mama sendo diagnosticada em estagio avançado. Desta forma, as cirurgias passam a ter maior grau de radicalidade e, na maioria das vezes, se faz necessário tratamentos adjuvantes. Assim sendo, estas mulheres além de conviverem com a realidade do câncer, são submetidas a cirurgias cujo resultado é uma deformação do seu corpo.

Há décadas que o tratamento cirúrgico do câncer de mama é baseado na retirada do tumor e no esvaziamento axilar. A retirada do tumor pode exigir uma mastectomia radical (amputação completa da mama), ou dependendo da dimensão da lesão, propiciar um tratamento conservador (retira-se o tumor e preserva-se a mama, seguido do tratamento de radioterapia).

O esvaziamento axilar é parte do tratamento cirúrgico desde o final do século passado, e muito pouco foi mudado em relação aos tumores infiltrantes, ou seja, aqueles que já romperam os canais ou ductos e invadiram os tecidos adjacentes. O esvaziamento axilar é importante no controle local da doença e no planejamento dos tratamentos complementares.

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